Caros colegas, este Blog tem como objetivo servir de ferramenta para os participantes da Formação Continuada dos Professores de Educação Física atuantes na Educação Infantil da Rede Municipal de Florianópolis, promovendo através de seu acesso a socialização de materiais e comunicação efetiva entre todos os professores.

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segunda-feira, 29 de junho de 2009

RELATÓRIO 16/06

Para este encontro estava previsto a leitura do texto “Notas Conceituais Sobre Mímesis e Educação do Corpo em Max Horkheimer e Theodor W. Adorno” dando continuidade e aprofundando a reflexão sobre um tema que o grupo considera ter destacado papel nas aulas de Educação Física, a relação da técnica com a mímesis.
No encontro anterior, onde foi realizada uma oficina, ministrada pela professora Michele e que contou com participação expressiva dos professores que compõem o grupo, o conteúdo Ginástica foi a pauta. A aprendizagem técnica de alguns movimentos e a sua ligação com a ludicidade marcaram a oficina.
A Ginástica, um conteúdo clássico da Educação Física, é também um elemento da cultura universal, ou seja, é parte constituinte do processo de humanização, e que se expressa exatamente pelo aprendizado de algumas técnicas corporais que nos proporcionam realizar os movimentos desejados.
Este domínio técnico é de certa forma uma instrumentalização do corpo, ou seja, o corpo se torna instrumento para a realização de algo. Pensando sobre este questão na infância, o corpo é o primeiro brinquedo, o primeiro objeto lúdico da criança, então, a criança o utiliza, o torna um objeto para brincar, mesmo que caracterizado neste momento pela espontaneidade.
Concebendo a técnica por este viéis, acreditamos que o conhecimento também passa pelo corpo, como outra dimensão do conhecimento, porém não menos valiosa. Praticamos e pensamos que através da vivência de alguns movimentos técnicos, as crianças experimentem sensações interessantes e a partir deste aparato técnico, recriem e ressignifiquem os mesmos. Não acreditamos que este aprendizado deve ser pautado pela repetição demasiada, desvinculada do contexto, onde a execução biomecanicamente perfeita do movimento é o objetivo final.
A partir da oficina, surge uma questão interessante e que mereceu nossa atenção durante este encontro, que seria identificar se os movimentos presentes na Ginástica são próprios das crianças ou foram produzidos e sistematizados pela cultura. Como todos nós nascemos dentro de um contexto cultural, com linguagem e conjunto simbólico específicos, seria difícil pensar em movimentos das crianças, já que sua comunicação e inserção no mundo são mediadas pela cultura.
Como a forma com que as crianças se relacionam com o mundo é mimética, sendo a mímesis a capacidade de reconhecer e produzir semelhanças, elas fazem uma representação deste contato com a cultura, por isso as brincadeiras infantis são importantes, elas vivenciam a representação de diferentes papéis através da mímesis.
Característica marcante da mímesis é a espontaneidade, algo que não foi pensado, não tem uma relação estreita com a cognição. O exemplo citado no encontro para retratar esta situação é quando crianças adotadas se parecem com os pais adotivos. Essas crianças se apropriam dos movimentos, gestos, fala, através do contato afetivo. Essa relação afetiva com o objeto expressada pela mímesis faz parte de uma dimensão não-conceitual do conhecimento.
Por outro lado, as práticas miméticas também estão relacionadas com a elaboração conceitual, na infância podemos perceber quando uma criança utiliza uma palavra que ainda não conhece o significado, mas de tanto ver sua mãe falando, a criança percebe a situação em que foi usada e utiliza da mesma maneira, de certa forma isto é produzir um conceito para algo.
Finalizando o encontro, debatemos rapidamente sobre a face sinistra da mímesis, expressada não mais pela identificação e sim pelo medo. Na aproximação por este lado, o indivíduo deixa de ser sujeito para aderir imediatamente. Nesta relação, a adesão mimética é ausência de desejo, que foi massacrado pela relação de força e poder estabelecida.
Fizemos um diálogo da questão do medo, presente na literatura, com a realidade concreta nas instituições. As crianças quando são alvos de relações de poder (muitas vezes necessárias), já que os adultos são figuras identitárias importantes, tendem a se diluir no ambiente, ou seja, a reação é tentar se esconder, se camuflar, sumir, o que não raro também acontece com nós adultos.