Caros colegas, este Blog tem como objetivo servir de ferramenta para os participantes da Formação Continuada dos Professores de Educação Física atuantes na Educação Infantil da Rede Municipal de Florianópolis, promovendo através de seu acesso a socialização de materiais e comunicação efetiva entre todos os professores.

Sejam bem-vindos !

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Relatório do dia 20/11/2012 - Formação Continuada dos Professores da Rede Municipal de Educação de Florianópolis - GI

            No dia 20 de novembro de 2012, às 09h e 15min, teve início o Encontro do Grupo de Estudos Independente da Educação Física na Educação Infantil, último deste ano. Ele contou com a presença de doze (12) professores, bem como de uma bolsista do Núcleo de Estudos e Pesquisas Educação e Sociedade Contemporânea (UFSC/CNPq). Teve como pauta a discussão das atividades feitas durante o ano de 2012 e a organização do ano letivo de 2013.
O encontro começou com a exposição das gravações das dança-cirandas, feitas em um encontro extra pelo Grupo Independente com o intuito de ter um material concreto sobre o tema. Em seguida houve um debate sobre o material e propostas para avançar ainda mais, como haver produção de um segundo DVD de cirandas, organizar um relato sobre esta atividade e publicar em algum meio de comunicação.
No segundo momento foi organizado o calendário 2013 dos encontros do Grupo Independente. Como há incertezas se os encontros de Formação da Rede Municipal de Educação de Florianópolis continuarão acontecendo, o Grupo preferiu estabelecer dois encontros mensais e caso a Prefeitura confirme as atividades que por ela poderão ser propostas, o cronograma será adaptado.
Assim ficou disposto o calendário 2013 do Grupo Independente, com respectivos temas:

Março:
05-03 – Finalização do DVD Cirandas.
19-03 - Finalização do DVD Cirandas.

Abril:
02-04 – Debate acerca do desenvolvimento da consciência moral na infância. Jairo ficou responsável por abrir a discussão.
23-04 – Debate acerca do desenvolvimento da consciência moral na infância.

Maio:
07-05 – Oficina de capoeira. Andréa e Juliano se dispuseram a ensinar algo sobre a movimentação, instrumentos, história da capoeira.
21-05 – Oficina de capoeira.

Junho:
04-06 – Relatos de intervenções nas idades de 0 a 3 anos e debates de textos que possam orientar essa prática.
18-06 – Idem.

Julho:
02-07 – Avaliação referente ao primeiro semestre.

Agosto:
06-08 – Relatos e discussões sobre avaliação da Educação Física e como tem sido feita nas instituições.
20-08 – Idem.

Setembro:
03-09 – Convite aos supervisores de estágio das instituições em que atuam os professores presentes no grupo, para o debate sobre a avaliação na Educação Física.
17-09 – Debate sobre o tema acima.

Outubro:
08-10 – Produção de um CD infantil para utilizar nos momentos de Ed. Física.
22-10 – Idem.

Novembro:
05-11 – Retorno à discussão do tema mais polêmico do ano.
19-11 – Oficina de produção de matérias com a professora Geisa.

         Para a discussão do tema acerca do desenvolvimento da consciência moral na infância, o professor Jairo indicou o livro O educador e o desenvolvimento da moralidade na infância: uma abordagem construtivista, de Telma Peliggue Vinha.

Relatório do dia 06/11/2012 - Formação da Rede Municipal de Educação de Florianópolis

           No dia 06 de novembro de 2012, às 08h e 30min, teve início o Encontro de Formação da Rede Pública Municipal de Educação, grupo da manhã. Ele contou com a presença de vinte e dois (22) professores, bem como de uma bolsista do Núcleo de Estudos e Pesquisas Educação e Sociedade Contemporânea (UFSC/CNPq). O Encontro foi coordenado pelo professor Alexandre Fernandez Vaz e teve como convidado o professor Felipe Almeida vindo do Espírito Santo.
Na primeira parte foi possível contar com a presença da Doutora Senen, dermatologista, em nome da Prefeitura de Florianópolis, explicando e tirando dúvidas sobre a importância do uso de filtro solar. Ele é disponibilizado pelo órgão em questão para os professores de Educação Física da Rede Municipal.
Em seguida Alexandre apresentou o professor de Educação Física Felipe Quintão Almeida, da Universidade Federal do Espírito Santo, que compõe com Valter Bracht o grupo que tem se dedicado ao estudo do desinvestimento docente, no qual se refere a situação de muitos professores que param de investir na sua carreira em algum momento da sua vida. O convidado do dia vem falar sobre um tema correlato a este, que é sobre a Prática Pedagógica e a Produção de Conhecimento em Educação Física Escolar. Trata-se de um tema importante na perspectiva que todo educador deve ser alguém que pensa sua prática, ao mesmo tempo em que esta prática deve ser pensada no ponto de vista da pesquisa.
Felipe organizou sua fala em dois (2) momentos, sendo que no primeiro apresentou um balanço epistemológico da produção do conhecimento em Educação Física Escolar. Como que se organizou, sobretudo nesses últimos trinta (30) anos, a produção de conhecimento nesta área. Lembrando que um balanço é sempre um recorte, feito com base em alguns critérios. Depois, apresentou quatro (4) problematizações que precisam ser observadas quando se vai fazer um debate sobre a prática pedagógica e a formação docente em Educação Física.
Para apresentar o primeiro momento, foram utilizados como base dois (2) textos publicados recentemente em 2011 e 2012 chamado Educação Física Escolar como tema da produção do conhecimento superior nos periódicos da área no Brasil (1980-2010)¹, parte I e parte II, na revista Movimento. Esses dois textos são possíveis de ser encontrados na internet e foram resultado de uma investigação tendo como objetivo de estudo a produção do conhecimento em Educação Física escolar utilizando nove (9) periódicos da área tidos como importantes, são eles: Revista Brasileira de Ciências do Esporte (RBCE), Movimento, Revista da UEM, Pensar a Prática, Motrivivência, Motriz, Ciência e Movimento, Motus Corporis, Revista Brasileira de Educação Física e Esporte (RBEFE). Foi analisado esse conjunto de fontes desde as publicações de 1980 à 2010. Para a interpretação dos dados encontrados foram escolhidos quatro (4) chaves de leitura, eixos de interpretação: quais as principais perspectivas metodológicas, referências teóricas, problematizações e resultados.
Felipe nos traz um fato preocupante para quem está no campo acadêmico e para aqueles que estão atuando profissionalmente na área da Educação Física Escolar. Ele destaca que o volume de produção nessas nove (9) revistas, em um total de 4.166 artigos, somente 647 tinham como tema a Educação Física Escolar, o que equivale a aproximadamente 15% de toda a produção nessas três (3) décadas. Na análise feita foi possível saber quais periódicos publicam mais textos desse tema e a revista Motrivivência, aqui da UFSC, ficou em segundo lugar. Tendo conhecimento desse percentual, parece-nos possível dizer que este não corresponde à importância da Educação Física Escolar.
Depois de destacar esse primeiro aspecto, o convidado se ateve em outro, encontrado durante a pesquisa da qual ele fez parte, resultante nos dois textos que o usa como base para essa explanação, citados acima, que é o pluralismo teórico e metodológico que o campo da Educação Física experimentou durante essas três décadas. Felipe destaca esse fato como muito bom para o campo e faz uma síntese dessa multiplicidade desses trinta (30) anos, chegando nas problematizações, no segundo momento.
Quando se observa as publicações no período estudado pelos pesquisadores, constata-se que nos anos 1980 fundamentalmente predominou aquilo que se pode chamar de ensaio como forma metodológica. Nos anos 1990 e 2000 os dados demonstram uma variedade maior, destacando-se além dos ensaios, os relatos de experiência, estudos com base documental e bibliográfica, pesquisas de campo, etnografias, análises cienciométricas, pesquisa participante, pesquisa colaborativa, estudo de caso, entre outras, todas elas tendo de algum modo interesse na Educação Física Escolar. Esse maior equilíbrio metodológico parece acompanhar o amadurecimento teórico da área. Essas diferentes formas de fazer pesquisa são resultado de novas referências na área, e assim a produção do conhecimento sobre o tema cada vez mais sofre influência desse pluralismo teórico e metodológico, de tal modo que parece improvável que uma perspectiva prevaleça em detrimento às demais, como já foi o caso em períodos anteriores. Também do ponto e vista político é importante para assim haver diversos modos de como interpretar a Educação Física Escolar, segundo Felipe.
Esse pluralismo, que é responsável pela renovação discursiva no campo da produção do conhecimento em Educação Física Escolar, possibilitou algumas problematizações no campo e também para a prática pedagógica do professor. Felipe elencou quatro (4) delas: 1) A necessidade de renovar as práticas pedagógicas; 2) O retorno a didática; 3) A necessidade de considerar a “voz” dos professores; 4) O reconhecimento da “vida” no trabalho docente.
Iniciando o comentário pelo primeiro item, o convidado diz que as características assumidas pela atual produção do conhecimento em Educação Física Escolar hoje apontam na direção de pragmatizar as teorias pedagógicas, repensar a relação entre teoria e prática. Também é necessário diminuir o hiato entre a universidade e a escola para caminhar na direção de se pensar como mudar a prática em uma direção crítica.
Um desafio que está disposto no campo de formação dos professores é como realizar uma prática progressista em Educação Física. O que parece estar colocado é a necessidade de avançar no sentido de superar uma prática docente na qual não se acredita mais que contrasta com outra que ainda tem dificuldade de se pensar e desenvolver, como materializar o discurso crítico produzido pela área nos últimos anos.
O segundo aspecto listado é chamado por Felipe de retorno à didática. Com esse pluralismo teórico e metodológico, a produção do conhecimento indica que o foco na didática é estratégico para o momento, pois possibilita articular os diversos temas de pesquisa em direção a práticas pedagógicas concretas, diagnosticar equívocos, méritos dos processos de ensino e aprendizagem vigentes, apontar novas possibilidades de intervenção.
No terceiro eixo é comentado sobre considerar a voz dos professores, ou seja, o que eles tem a dizer, escutá-los. Durante muito tempo os investigadores consideraram as narrativas dos professores e suas vozes elementos sem muita importância para a prática pedagógica e na formação. Reduziu-se a formação docente a um conjunto de competências e capacidades vinculadas fundamentalmente à prática, realçando a dimensão essencialmente técnica da ação pedagógica, seus melhores métodos e técnicas. Como conseqüência dessa compreensão, predominou durante muito tempo tendências escolarizadas ou academicistas nos programas de formação dos professores. Ao confiar sua formação aos outros, a voz do docente foi silenciada nas decisões que precisam ser tomadas rumo a práticas inováveis. A formação assim compreendida deixa a entender que o problema de não se renovar a prática é apenas do professor e não, em larga medida, da proposta de mudança.
Sabemos que o professor é fundamental para a mudança e para repensar a prática. Ele deve se reconhecer como autor da sua prática, autônomo, alguém que reelabora, repensa. O reconhecimento da voz do professor contribui para entender como os docentes assimilam e reinterpretam novas idéias e conteúdos, mas também implementam novas estratégias. Isso aponta, portanto, para a necessidade de se ouvir mais os agentes que estão na escola e saber que prestar atenção no que eles têm a dizer implica em uma necessária humildade epistemológica.
Por fim Felipe encerra comentando sobre o ultimo item. Os estudos demonstram que a vida é um elemento importante para se pensar o modo do professor atuar. Nossos processos formativos acontecem em tempos e lugares diferenciados, tendo a memória um trabalho privilegiado em reconstruí-los. Por que é importante considerar o ciclo de vida? Alguns autores defendem que o valor formativo de uma ação formativa parece mais ligado à dinâmica interna e à história de vida dos professores do que à clareza das intenções do formador ou à qualidade de sua intervenção.
As decisões relativas à escolha da profissão, direção que é dada à carreira, desinvestimento no ensino, experiências inovadoras, abandono da docência, momentos pelo qual o professor passa pela sua carreira, poderiam ser estudados e compreendidas se além dos aspectos profissionais prestássemos atenção à pessoa que é o docente e sua à vida dele.
Após essa conversa, Felipe abriu espaço para perguntas e esclarecimentos. Professora Adriana se pronunciou agradecendo ao professor Alexandre por trazer o convidado para este encontro e em específico ao Felipe por coroar o trabalho que os professores do Grupo vêm tentando desenvolver na Formação da Rede Municipal e por trabalhar com dados concretos, como foi exposto em sua fala. Houve mais comentários por parte dos professores.
           Por fim foi agradecido ao professor Alexandre Vaz por sempre estar presente dando o suporte necessário a essa caminhada dos docentes em busca de conhecimento, reflexões, avanços referente à área, e também à Prefeitura Municipal de Florianópolis.

1 - Link para os textos citados:  http://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/19280

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Relatório do dia 02/10/2012 - Formação da Rede Municipal de Educação de Florianópolis

No dia 02 de outubro de 2012, às 08h e 30min, teve início o Encontro de Formação da Rede Pública Municipal de Educação, grupo da manhã. Ele contou com a presença de vinte e nove (29) professores, bem como de uma bolsista do Núcleo de Estudos e Pesquisas Educação e Sociedade Contemporânea (UFSC/CNPq). O Encontro foi coordenado pelo professor Alexandre Fernandez Vaz.
A proposta para esse encontro foi revisar e discutir alguns itens do documento Orientações Curriculares para a Educação Física na Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Florianópolis – SC que foi elaborado por um coletivo de professores de Educação Física que atuam na Educação Infantil e pelo Grupo Independente. Este teve como colaboradores Ana Cristina Richter, André Tristão, Lisandra Invernizzi, Michelle Carreirão, e foi coordenado pelo Professor Doutor Alexandre Vaz (MEN, CED/UFSC). Contou com o apoio do Núcleo de Estudos e Pesquisas Educação e Sociedade Contemporânea, Pró-Reitoria de Pesquisa e Extensão/UFSC.
O primeiro questionamento começou logo na primeira página do documento, um dos professores presentes afirmou que não concordava que a autoria fosse de professores de Educação Física que atuam na Educação Infantil, mas sim somente o Grupo Independente. Professora Adriana explicou que por motivo de ter ocorrido uma chamada aos professores da área nas instituições no início das discussões, e por estes terem contribuído em algum momento, diretamente ou indiretamente para o documento, o mais justo seria colocar a nomenclatura coletivo de professores. Isso contemplaria todos que de alguma forma colaboraram para a concretização do texto.
O  Documento divide-se em duas partes: 1) A Educação Física na Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Florianópolis - Contextualização Histórica; A Educação Física na Educação Infantil; Sobre as Leis e Regulamentos a Respeito da Educação Física na Educação Infantil; A Educação Física, a Organização do Tempo/Espaço Pedagógico e sua Vinculação com o PPP; Do Planejamento, Núcleos de Ação Pedagógica e Avaliação da Educação Física na Educação Infantil. 2) Relatos de experiências de professoras da Rede Municipal que integram o Grupo Independente.
Alexandre passou por cada tópico mostrando alguns fragmentos do Documento, como escritos, citações, interpretações, documentos. No momento que mostrou um slide que questionava o planejamento: o quê ensinar? Como ensinar? Pra quem ensinar?, registro: o quê olhar? Como anotar? Quando anotar?, avaliação: o quê avaliar? Como avaliar?, Quando avaliar? Pra quê?, a avaliação foi o alvo da discussão.
Uma professora fez uma crítica à avaliação como estigmatizadora, afirmando que os professores de Educação Física tem condições de estudar, discutir e aprofundar mais essa problemática que é a avaliação nesta área do conhecimento. Outro professor presente no encontro faz uma crítica direta ao Documento, no qual deixou a desejar um melhor esclarecimento e aprofundamento no que se refere a este tema. Alexandre lembra que a avaliação tem suas limitações no âmbito da Educação Física, há ainda muitas respostas a serem buscadas. Mas sabemos que a avaliação se sustenta a partir dos pilares planejamento e registro, estes que são elementos entrelaçados da prática pedagógica, dialogando entre si.
Adiante foram apresentados alguns conteúdos da Educação Física Infantil. Como tal expressão é tema de discordâncias, colocou-se no Documento: Algumas orientações que tratam da área de conhecimento da educação física a partir dos eixos: brincadeira, linguagens e interação. Foram citados circo, ginástica, manifestações da cultura popular, jogos e brincadeiras, dança, capoeira, natação, atividades com água, entre outros. Um docente presente questionou a palavra brincadeira, pois ela pode ter duplo entendimento, como eixo articulador das práticas pedagógicas ou como conteúdo – que é o caso em questão. Mas foi decidido que a palavra que melhor traduz o que está se dizendo é mesmo brincadeira, lembrando que nenhum conceito é completamente correspondente à realidade.
Outra dúvida surgiu por parte de um professor, que questionou se os itens Manifestações da Cultura Popular e Jogos e Brincadeiras não estariam redundantes. Alexandre lembrou que nem todo jogo ou brincadeira faz parte da cultura popular. Além disso, tal item foi criado para mostrar a importância do trabalho com manifestações da cultura popular nos momentos de Educação Física.
Alguns trechos não ficaram muito claros para os professores presentes por não terem lido o Documento completo e naquele momento estar sendo apresentado somente em fragmentos, como quando foram citados os Projetos Coletivos.  Mas foi bastante discutido o Documento e seus ajustes finais, lembrando que será inevitável uma certa imprecisão no seu formato e conteúdo finais.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Relatório do dia 04/09/2012 - Formação da Rede Municipal de Educação de Florianópolis

No dia 04 de setembro de 2012, às 08h e 25min, teve início o Encontro de Formação da Rede Pública Municipal de Educação. Ele contou com a presença de vinte e quatro (24) professores, bem como de uma bolsista do Núcleo de Estudos e Pesquisas Educação e Sociedade Contemporânea (UFSC/CNPq). O Encontro foi coordenado pelo professor Alexandre Fernandez Vaz e teve como tema “Desenvolvimento e aprendizagem: movimentos entre a natureza e a cultura III: exemplos a partir de pesquisas na Rede”.
A dinâmica do encontro foi divida em quatro (4) etapas, sendo a primeira a recapitulação de alguns conceitos, a segunda o exercício de análise de cenas no parque, a terceira a exposição de material de pesquisa e, por fim, construção e debate de situações-problema.
Alexandre começou relembrando um conceito de brincadeira, forma de dramatizar o mundo. Nela há traços da realidade, mas ao mesmo tempo é imaginária, irreal, como quando uma criança brinca de ser jogador de futebol ou de casinha. O segundo conceito visto foi o de brinquedo, um instrumento de brincar, sendo ele não o determinante da brincadeira, mas sim o contrário. Devemos lembrar que o primeiro brinquedo da criança é o próprio corpo, mas elas tomam espaço e objetos como brinquedos também.
Outro conceito visto em certo momento dos encontros foi o de técnicas corporais, elaborado pelo sociólogo francês Marcel Mauss, o qual se refere aos usos do corpo ligados a duas características básicas, que são a eficiência e a tradição – que é passada de geração à geração.
Por último, o conceito de imaginação, que está relacionado com duas outras palavras que têm o mesmo radical, imagem e magia são elas. Imaginação é composta por um repertório de imagens que por sua vez tem parentesco com a magia, com o ato mágico. Uma brincadeira, um jogo, sem imaginação não existe. Nossas crianças atualmente têm uma enorme exposição à indústria do entretenimento, é corriqueiro observarmos os pequenos brincando com personagens midiáticos. Temos como dever ampliar esse repertório imaginário e de conhecimento para além do que é posto pelas indústria cultural a essas crianças.
Avançando para a segunda etapa da dinâmica, Alexandre apresentou alguns extratos de observações feitas em momentos do parque em diferentes instituições. O primeiro extrato é:
Eu acho que são poucos brinquedos e estragados. Deveria ter outras opções. Eu sinto assim que o parque fica muito violento. Aquela coisa que eles correm até la embaixo. Aí de uma pedra eles fazem um brinquedo. [...] Tu perde aquele controle. [...] Nós temos uma casinha, mas não tem brinquedo. Qual é o atrativo? O atrativo é trancar a porta e eles ficam lá dentro. Ou eles se beijam, ou eles tiram a roupa, ou eles machucam alguém. O esconderijo deles é na casinha. Se tivesse brinquedo, seria utilizada de outra maneira. (Professora)
Para alguns professores presentes no encontro, nesse primeiro extrato chama a atenção o olhar da professora como uma observadora, distante da intenção de intervir naqueles momentos, colocando-se a parte deles. Outra questão levantada a partir desse trecho foi a necessidade de o parque ser um lugar de controle, quando a professora descreve que as crianças fecham a porta da casinha, isso mostra que não há mais como vigiar inteiramente os pequenos, causando um incômodo aos adultos. Um paradoxo surge com a ideia de alguns profissionais perante as atividades do parque, momentos de descanso, para relaxar, mas ao mesmo tempo um espaço-tempo deve ser observado e controlado.
Uma professora presente chamou sua atenção perante a não consideração da casinha, da pedra como brinquedos, a falta de percepção por parte da docente dos simples objetos que podem se tornarem brinquedos. Também a necessidade de ter mais brinquedos para que mantenham as crianças todas ocupadas, assim tendo um ambiente mais controlado, estável.
Outra questão pertinente para pensarmos seria sobre qual o limite e atitudes por parte dos adultos quando se tratam de brincadeiras que exploram o próprio corpo ou o corpo do outro.
O segundo extrato trata-se de uma observação: O dia está ensolarado, a temperatura amena. No parque, às 15:50, várias professoras conversam em círculo. Uma professora conversa com um grupo de crianças e amarra os tênis de um menino. [...] A professora circula de mãos dadas pelo parque com uma menina. [...] Escuta-se a voz de uma profissional ao longe: “Cuidado, tu vai cair”. [...] Uma criança chora e é trazida para perto da professora, que diz: “Fizeram justiça, né? Sabe por quê? Porque ele viu que tu bateu nela.”. [...] Uma menina passa engatinhando e comenta: “Sou um gato”. [...] Uma professora chega ao parque e ralha com uma criança que está “lavando” o quadro-verde: “ Para com isso! Quadro molhado? Como vai escrever depois?” Arranca o apagador da mão da criança e deposita-o sobre o quadro, longe de seu alcance. Minutos antes, a criança falava: “Vou deixar o quadro bem limpinho”. [...] Uma profissional puxa duas crianças pelo braço e esbraveja. Cinco outras, reunidas em rodinha, conversam, enquanto duas permanecem parada, de braços cruzados. [...] Uma criança, parada no canto do parque escuta: “Para de roer unha, menina!”. (Observação de Ana Cristina Richter).
A primeira observação feita nesse segundo extrato foi o círculo formado pelas profissionais para conversarem enquanto outras davam alguma assistência às crianças, mantendo o controle. Uma professora presente no encontro destaca o corpo como brinquedo quando a criança diz ser um gato e é ignorada pela docente, não tendo havido qualquer intervenção naquele momento.
Quando a professora diz que fizeram justiça com a criança que estava chorando, entende-se que a justiça é a vingança, havendo o estímulo da violência, já que se supõe que o agredido teria o direito também de bater.
Uma cena bem comum de acontecer no cotidiano das instituições e que foi relatada nessa observação é o professor agir desconsiderando a lógica adulta dos pequenos. No momento em que a professora esbraveja com a criança por estar molhando o quadro-verde, na lógica infantil ela apenas o limpava. Devemos entender que os pequenos arregimentam imagens de pensamentos e recursos de um repertório diferentemente dos nossos. Nas brincadeiras infantis é preciso encontrar a lógica, o sentido dela para que não haja sempre uma crítica externa por parte dos adultos.
Terceiro extrato: Breno, criança do G3, tenta subir na janela da casinha de madeira do parque menor da creche. A PA fala “pode sair Breno, não é para subir aí”. Breno não consegue descer da janela sozinho. A PA pergunta “Ficou com medo?” Breno balança a cabeça afirmando que sim. A PA entra na casinha e ajuda a criança a descer.
Uma criança tenta subir nas palmeiras que estão localizadas atrás da casinha de madeira do parque menor da creche. A PA do G6 vê e diz “Ana Maria, não inventa moda, sai daí!” (Observação de André Delazari Tristão).
Aqui foi destacado o cuidado com a segurança das crianças. Ter em mente que o desafio é importante para o desenvolvimento das mesmas, mas o perigo deve ser evitado, é de suma importância. É muito mais cômodo proibir os pequenos de fazer algo do que dar o suporte necessário para os mesmos experimentarem e vencerem os obstáculos, desafios, medos. Isso não deve, no entanto, colocar as crianças sob qualquer forma de risco.
No quarto e último extrato podemos observar mais uma vez a preocupação com a segurança das crianças, que é fundamental, mas que não deve ser limitadora para o desenvolvimento delas. No parque da creche, João Gabriel (criança do G3) brinca num dos balanços em pé com desenvoltura. A PS vê e fala: “João, cuidado para não cair. Melhor brincar sentado.” João Gabriel senta, mas logo depois brinca em pé novamente, a PS vê e fala: “Quer sentar João, ou quer cair?”, João Gabriel senta. (Observação de André Delazari Tristão).
O professor da Rede Municipal André Tristão, em sua pesquisa para o mestrado, sistematizou a disponibilidade corporal dos professores em três categorias, são elas: 1) Adulto companheiro, quando o adulto se coloca em uma situação de parceria com a criança. Foi exemplificada por uma situação observada em uma instituição em que a professora readaptada pergunta quem quer dançar, as crianças respondem e ela organiza e participa da dança. 2) Adulto brinquedo, quando o corpo do adulto pode servir como tal. Foi mostrada a situação na qual a professora senta no balanço e coloca uma criança no colo, balança e conta até dez (10) para finalizar, assim possibilitando um maior número de pequenos a brincar. 3) Adulto personagem, para a qual foi mencionada uma situação observada no parque, em que a professora interpretava o lobo e as crianças fugiam, escondiam-se. Essa classificação nos faz pensar sobre os lugares do adulto na instituição e em que outros lugares os adultos se encontram com seus corpos nas brincadeiras infantis.
Por fim, Alexandre propôs uma atividade em grupo que tinha como proposta delimitar um objetivo para uma aula e propor uma organização do espaço com este fim. Considerando alguns elementos que determinam a prática (dificuldade ou facilidade excessiva, perigo etc.), modificar esse arranjo no sentido da ampliação das possibilidades de movimento/usos do corpo, ou propor novas formas de aproveitamento desse mesmo espaço/arranjo.
O primeiro grupo organizou uma aula com o objetivo balanço em movimento, em que as crianças tinham que se balançar e saltar com o balanço em movimento, na caixa de areia ou colchonetes. Com o passar da aula, aumentar-se-ia a dificuldade, os desafios. O risco previsto foi avaliado em alguma criança passar perto do balanço em movimento e se machucar.
O segundo grupo planejou uma aula com o objetivo de oportunizar interações entre as crianças de diferentes faixas-etárias (G4, G5 e G6) durante 01h30min, proporcionando diferentes possibilidades de movimentos. Foi pensada uma modificação do parque colocando-se alguns outros brinquedos como falsa baiana, teia de cordas, blocos coloridos, escalada de corda no escorregador. Como desafio, se fosse necessário mudariam as atividades, o espaço, ou os dois.
A terceira equipe organizou uma aula que tinha como objetivo o equilíbrio e viu como dificuldade criar o espaço para poder trabalhar e lidar com a opinião dos outros profissionais da instituição, que muitas vezes não conhecem por completo o planejamento e podem equivocar-se sobre a atividade que está em ação.
Por fim, o quarto grupo pensou em uma aula que trabalhasse com a ginástica e com movimentos mais complexos, utilizando o espaço do pátio ou a quadra. Como dificuldades, listaram a falta de materiais como colchão, brinquedos, e de adultos para auxiliar na segurança dos pequenos.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Relatório do dia 18/09/2012 - Formação Continuada dos Professores da Rede Municipal de Educação de Florianópolis - GI


No dia 21 de setembro de 2012, às 09h e 15min, teve início o Encontro do Grupo de Estudos Independente da Educação Física na Educação Infantil. Ele contou com a presença de dezesseis (16) professores, bem como de uma bolsista do Núcleo de Estudos e Pesquisas Educação e Sociedade Contemporânea (UFSC/CNPq). O Encontro tinha como pauta uma oficina com instrumentos musicais e cirandas.
A Professora Adriana trouxe alguns instrumentos que utiliza nas cirandas como chocalhos, tambores, caxixi, berimbau, reco-reco, tamboretes, baquetas, agogôs e professor Jairo trouxe seu violão.  Todos os docentes presentes experimentaram os objetos e os que sabiam tocar ensinavam quem não sabia.
Foram dançadas novas cirandas, com os presentes tocando os aparelhos musicais. Uma experiência musical, corporal, que todos se envolveram, compondo um momento muito rico para os profissionais de Educação Física e suas práticas.
Ao fim desse encontro, surgiu a idéia de filmar as cirandas ensinadas tanto neste dia como as cirandas ensinadas por Adriana no seu relato de experiência. Está sendo estudada a data e as possibilidades de se efetivar essa gravação.
           Abaixo seguem as músicas cantadas e dançadas neste dia:

1ª – Samba de Roda

Que menina é aquela que entrou na roda agora,  (Menina dança no meio da roda)
Ela tem um remelexo que valha me Deus nossa Senhora (2x)

Bota a mão na cabeça e outra na cintura
Dá um remelexo no corpo
Dá um abraço no outro

(Andrea explica que a menina que está dançando no meio da roda, nesse momento abraça o pião – que está com o chapéu)

Pião entrou na roda pião
Pião entrou na roda pião,
Roda pião rodeia pião,
Roda pião rodeia pião
Entrega o chapéu para o outro o pião (Menino entrega o chapéu para outro e assim vai se repetindo.)

2ª – Pinga-chuva

Pinga chuva, pinga chuva;
Hoje brilha o sol;
Nuvens dançam, nuvens dançam;
Hoje brilha o sol;
Vento voa;
Hoje brilha o sol;


3ª – Cirandeiro

O cirandeiro, o cirandeiro ó,
A pedra do teu anel brilha mais do que o sol. (2x)

Mandei fazer uma casa de farinha bem maneirinha que o vento possa levar,
Oi passa o sol oi passa a chuva, oi passa o vento,
Só não passa o movimento do cirandeiro a rodar.

O cirandeiro, o cirandeiro ó,
A pedra do teu anel brilha mais do que o sol. (2x)


4ª – Pulguinha

Estava dormindo quando algo aconteceu,
Veio uma pulguinha e danada me mordeu.

Pula pulguinha, pulguinha danada,
Pula pulguinha, essa pulguinha é assanhada. (2x)

(Jairo deu a idéia de ir propondo movimentos e repetindo o refrão, como: pular de mãos dadas, coçar a barriga, pular com um pé só...)

Estava tão cansado, cansado de pular,
Eu e a pulguinha agora iremos descançar.

Obs.: Essa música pode ser tocada no violão com a seqüência de notas: Dó, Ré menor, Sol 7.


5ª- Dona Aranha
A dona aranha
Subiu pela parede,
Veio a chuva forte
E a derrubou.
Já passou a chuva
O sol já vem surgindo,
E a dona aranha
Continua a subir.
Ela é teimosa
E desobediente,
Sobe, sobe, sobe
E nunca esta contente.

Obs.: Jairo disse que utiliza essa música e coloca o nome das crianças no lugar da dona aranha. 

6ª – Pirata

Eu sou o pirata da perna de pau,
Do olho de vidro,
Da cara de mau.

Pé, (bate o pé)
Olho, (pisca o olho, mexe os olhos...)
Careta, (faz diferentes caretas)
Arghhh.

Obs.: Pode-se tocar no violão utilizando as notas: Lá 7, Mi 7.

7ª – Ciranda do Anel

Perdi meu anel no mar,
Não pude mais encontrar,
O mar, me trouxe a concha de presente pra me dar.

Uma vez chorei na praia,
prá um anel que se perdeu
Meu anel que virou concha,
nunca mais apareceu.

Parou na goela da baleia,
Ou foi para o dedo da sereia,
Ou quem sabe um pescador
Encontrou o anel e deu pro seu amor.

Obs.: Pode-se tocar no violão está com música com as notas: Dó, Ré menor, Sol 7.


8ª – Tumbalacatumba

Tumbalacatumba tumba ta,
Tumbalacatumba tumba ta,
Tumbalacatumba tumba ta,
Tumbalacatumba tumba ta...

Quando o relógio bate a uma,
Todas as caveiras saem da tumba;
Tumbalacatumba tumba ta,
Tumbalacatumba tumba ta.

Quando o relógio bate as duas,
Todas as caveiras pintam as unhas;
Tumbalacatumba tumba ta,
Tumbalacatumba tumba ta.

Quando o relógio bate as três,
Todas as caveiras imitam chinês;

Obs.: Adriana comenta que os professores podem incentivar as crianças irem imitando as caveiras e ir rimando a música com palavras mais conhecidas pelas crianças.


9ª – Coelhinho valente

Era um coelhinho valente,
Estava comendo cenoura,
Quando chegou de repente,
Uma coelhinha valente.

Pula pula pula coelhinha,
Sobe sobe sobe coelhinha,
Desce desce desce coelhinha,
Gira gira gira coelhinha.

Obs.: Andrea diz que pode ir acrescentando movimentos durante a música. Ritmo do Samba lêlê.

10ª – Escravos de Jó

Escravos de Jó,
Jogavam caxangá,
Tira, bota, deixa ficar,
Guerreiros com guerreiros fazem zigue zigue za (2x)

11ª – Oliveirinha da Serra

Oliveirinha da serra,
O vento leva a flor,
Oliveirinha da serra,
O vento leva a flor,

Oiolá só a mim ninguém me leva,
Oiolá para o pé do meu amor (2x)

11ª – Shanom

Shanom, Shanom, oia, oia, 
Shanom, Shanom, oia, oia.

Arre erre, oia, oia,
Arre erre, oia, oia,
Shanom, Shanom.

12ª – Saci pererê

Eu fui para Bahia,
Apanhar cipó,
Quando entrei na mata,
Eu vi um neguinho,
De uma perna só,
Perguntei sei nome,
Ele respondeu:

É saci pererê pererê pererê,
É saci pererê pererê pererê.

 Algumas fotos do dia:











domingo, 16 de setembro de 2012

Relatório do dia 21/08/2012 - Formação Continuada dos Professores da Rede Municipal de Educação de Florianópolis - GI

No dia 21 de agosto de 2012, às 09h e 15min, teve início o Encontro do Grupo de Estudos Independente da Educação Física na Educação Infantil. Ele contou com a presença de doze (12) professores, bem como de uma bolsista do Núcleo de Estudos e Pesquisas Educação e Sociedade Contemporânea (UFSC/CNPq). O Encontro tinha como pauta o relato de experiência da professora Adriana sobre cirandas nos momentos de Educação Física na Educação Infantil.
Adriana trouxe em powerpoint um pouco sobre o projeto Dança que realiza no NEI Carianos, com cantos, jogos dançantes/danças em rodas (cirandas), boi-de-mamão. Para esse encontro foi tratado em específico o tema das cirandas.
A Professora organiza as aulas de Educação Física para ficar meio período (manhã ou tarde) com cada grupo, quando necessário realiza propostas para duas (2) horas somente, mas isso ocorre eventualmente. Por serem nesse formato as práticas, Adriana se integra também nas demais rotinas das crianças como higiene, alimentação e sono.
Os objetivos do trabalho com dança são, segundo a Professora por ser tal prática passível de exploração do sentido expressivo e comunicativo do movimento, é possível desenvolver juntamente com o grupo uma competência, uma atividade em comum; promover atividades que tornem possíveis as expressões da solidariedade, da cooperação, do respeito; realizar apresentações dentro e fora da instituição.
As atividades com cirandas são realizadas pelo menos uma vez por mês. Os grupo 2, 3, 4, 5 e 6 realizam práticas com danças desde o início do primeiro semestre e o grupo 1 a partir do final dele.
Para realizar as cirandas são utilizados alguns materiais como, entre outros, aparelho de som, microfones, caixas amplificadoras de instrumentos musicais, chocalhos, tambores, caxixi, berimbau, reco-reco, tamboretes, baquetas, tapetes, CDs. O espaço é previamente organizado no salão da instituição ou eventualmente na sala. Antes de levar os pequenos para o local desejado, é conversado sobre a proposta que será desenvolvida no dia, sempre havendo a assistência de uma ou duas professoras de sala. Adriana ressalta a importância de outros profissionais para que a atividade consiga ser realizada.
As cirandas são precedidas por cantorias, os instrumentos utilizados são dispostos em um tapete no qual cada criança escolhe um para experimentar e tocar. Nesse momento são cantadas canções sugeridas pela Professora, outras vezes pelos pequenos. Com os grupos dos maiores (4, 5 e 6) o trabalho é mais esquemático e eles conseguem realizar as cirandas mais complexas, enquanto que com os menores (1, 2 e 3) é mais livre, havendo um reconhecimento dos instrumentos, sons, canções, nem sempre sendo possível de efetivar a ciranda propriamente dita.
As músicas são cantadas pela Professora, outras vezes é colocado o CD, as crianças também ajudam a interpretar canções já conhecidas por eles. Os movimentos já são estabelecidos por Adriana para cada ciranda que ensina aos grupos.
Foram mostradas algumas fotos das práticas junto às crianças para que se percebesse ser um trabalho de longo tempo, contínuo, que começa desde os pequenos e vai até o grupo 6. Em seguida os professores presentes puderam conhecer alguns dos instrumentos que são utilizados nas cirandas.
Adriana teve a preocupação de trazer a sistemática de seus relatos escritos para podermos pensar em outra forma de documentar, além das fotos. Ela faz relatórios diários de todas as suas aulas com dados como data, grupo, turno, professoras presentes; sobre a organização do momento da Educação Física, onde ocorreu, tempo, materiais utilizados e crianças presentes; destaques da aula também são registrados, facilitando uma melhor avaliação e reflexão de sua prática.
            Fora ensinadas e dançadas neste dia seis (6) cirandas, sendo a 1ª – Ta caindo fulô, 2ª – Pinga chuva, 3ª – Pé de nabo, 4ª – Sai Preá, 5ª – Caranguejo, 6ª Ciranda do anel, 7ª – Cirandeiro. Todos os presentes participaram e demonstraram bastante interesse nessa prática. Devido tamanho sucesso, ficou combinado que no próximo encontro do GI haverá uma oficina para aprender a tocar alguns instrumentos mostrados no encontro e outros que possibilitem levar para mais próximo da realidade da Educação Física a dança, o ritmo.

Cirandas:

1ª – Ta caindo fulô:

Senhor capitão, onde me mandar eu vou; (2x)
No palácio da rainha nasceu um galho de fulô

Refrão:
Ta caindo fulô, eô;
Ta caindo fulô, ea;
Ta caindo fulô, eô;
Ta caindo fulô, ea;
Lá no céu cá na terra ê ta caindo fulô; (2x)

Lá na rua de baixo, lá no fundo da rota;
A polícia me prende olêlê, a rainha me solta;

Refrão

2ª – Pinga Chuva:

Pinga chuva, pinga chuva;
Hoje brilha o sol;
Nuvens dançam, nuvens dançam;
Hoje brilha o sol;
Vento voa;
Hoje brilha o sol;

3ª – Pé de Nabo:

Ser assim é uma delícia,
Desse jeito como eu sou,
De outro jeito dá preguiça,
Sou assim pronto e acabou.

A comida de costume,
Como bem e não regulo,
Mas tem sempre alguns legumes,
Que eu não sei como eu engulo.

Brincadeira, choradeira,
Pra quem vive uma vida inteira,
Mentirinha, falsidade,
Pra quem vive só pela metade.

Quando alguém me desaponta,
Paro tudo e dou um tempo,
Dali a pouco eu me dou conta,
Que ninguém é cem por cento.

Seja um príncipe ou um sapo,
Seja um bicho ou uma pessoa,
Até mesmo um pé-de-nabo,
Tem alguma coisa boa.

4ª – Sai Preá

Sai sai sai ó preá, saia da lagoa,
Sai sai sai ó preá saia da lagoa,
Põe uma mão na cabeça outra na cintura,
Dá um remelexo no corpo,
Dá um abraço no outro

5ª – Caranguejo:

O siri e o caranguejo,
São dois bichos engraçados,
O siri quer ser sargento caranguejo o delegado,
Mas não pode;

Com o pé, com o pé com o pé,
Com a mão, com a mão, com a mão,
Aproveita minha gente pra dançar nesse salão
Que tá tão bão.

6ª – Ciranda do Anel

Perdi meu anel no mar
não pude mais encontar
E o mar, me trouxe a concha,
de presente prá me dar.
Perdi meu anel no mar...
Olha a ciranda!
É debaixo do sol...
É debaixo da lua...
Bem no meio da praia,
bem no meio da rua.
Pé esquerdo prá fente,
pé esquerdo prá trás
Olha a onda do mar na
minha mão,
eu vou fazer uma onda do
mar.
É o peixinho que pula sem parar,
mergulhando no azul da
onda do mar.
É a ciranda do anel que eu
vou dançar,
até o dia clarear.
Uma vez chorei na praia,
prá um anel que se perdeu
Meu anel que virou concha,
nunca mais apareceu.
Parou na goela da baleia,
ou foi pro dedo da sereia,
ou quem sabe um pescador
encontrou o anel,
e deu pro seu amor


7ª – Cirandeiro

O cirandeiro, o cirandeiro ó,
A pedra do teu anel brilha mais do que o sol. (2x)

Mandei fazer uma casa de farinha bem maneirinha que o vento possa levar,
Oi passa o sol oi passa a chuva, oi passa o vento,
Só não passa o movimento do cirandeiro a rodar.

O cirandeiro, o cirandeiro ó,
A pedra do teu anel brilha mais do que o sol. (2x)    

Obs.: Para quem tiver interesse em gravar as músicas das cirandas apresentadas por Adriana, levar CD no próximo encontro para ser gravado.


Alguns dos instrumentos utilizados nas cirandas.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

PRÓXIMO ENCONTRO DIA 18.09.2012

GRUPO INDEPENDENTE
Data: 18.09.2012

Horário: 09:00 - 12:00

Local: CEC (Eventos), na Rua Ferreria Lima, nº 82 – Centro.

Pauta: Oficina de instrumentos musicais e cirandas.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

PRÓXIMO ENCONTRO DIA 04.09.2012

Formação da Rede (Convocação)

Data: 04.09.2012

Horários: Grupo matutino: 8:00 - 12:00
                               ou
               Grupo vespertino: 13:00 - 17:00

 

Local: CEC (Eventos), na Rua Ferreria Lima 82 – Centro

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Relatório do dia 07/08/2012 - Formação da Rede Municipal de Educação de Florianópolis

               No dia 07 de agosto de 2012, às 08h e 20min, teve início o Encontro de Formação da Rede Pública Municipal de Educação, grupo da manhã. Ele contou com a presença de vinte e três (23) professores, bem como de uma bolsista do Núcleo de Estudos e Pesquisas Educação e Sociedade Contemporânea (UFSC/CNPq). No período vespertino estiveram presentes treze (13) professores, tendo início às 13h e 30min. Os Encontros foram coordenados pelo professor Alexandre Fernandez Vaz e tiveram como tema “Desenvolvimento e aprendizagem: cultura, práticas e brincadeiras”.
              Foi apresentada primeiramente a dinâmica do Encontro, em quatro (4) tópicos: 1º) Revisão de alguns aspectos tratados no encontro passado, 2º) As técnicas corporais e os usos do corpo, 3º) Práticas, brincadeiras, 4º) Em busca de elementos para um currículo.
              Alexandre começou revisando os dois grandes grupos de teorias da aprendizagem, as Teorias Associacionistas, de Condicionamento, de Estímulo-Resposta, e as Teorias Mediacionais. Para o primeiro, aprendizagem é um processo de associação de estímulos e respostas provocado e determinado pelas condições internas, desconsiderando o papel mediador da estrutura interna na aprendizagem; já para o segundo, aprendizagem é um processo de conhecimento, de compreensão de relações no qual as condições externas atuam mediadas pelas internas. Em suma, primeiro grupo desconsidera a importância da mediação daquele que conhece, o outro enfatiza a importância dessa mediação para que ocorra a aprendizagem.
               As teorias do condicionamento tratam de um sujeito universal, único, havendo certa subtração da cultura. A educação converte-se em uma tecnologia para programar reforços no momento oportuno, limitando a atividade didática a preparar e organizar as contingências de reforço que facilitam a aquisição dos esquemas e condutas desejados. Alexandre nos lembra que aprendemos muitas coisas por meio do condicionamento, que são necessários, mas é muito pouco para pensarmos sobre aprendizagem. Um dos limites dessa perspectiva pode ser visto em um exemplo: uma criança aprender, mediante prêmios ou reforços positivos, uma conduta desejada pelo professor, ao mesmo tempo que aprende o hábito de agir na esperança de uma recompensa.
            Em função da importância e dos limites de tempo foi decidido revisar duas teorias mediacionais, a de Piaget – Psicologia genético-cognitiva, e a de Vygotsky – Psicologia genético-dialética.
            Piaget fala em dois mecanismos fundamentais na relação do sujeito com os objetos, o primeiro é a assimilação: que é o processo de integração dos objetos e conhecimentos novos às estruturas velhas anteriormente construídas pela criança, é a assimilação do mundo à pessoa. O segundo é a acomodação: formulação e elaboração de estruturas novas como consequência da incorporação precedente, como o sujeito se acomoda no mundo.
            O mesmo também propôs quatro (4) estágios de desenvolvimento genético-cognitivo, aparecendo algumas vezes em suas obras de forma esquemática e em outras como maneira de orientar as práticas. São eles: sensório-motor, pré-operatório, operatório concreto, operatório lógico-formal.
           Importante saber de Piaget que as estruturas internas condicionam a aprendizagem, sendo mecanismos reguladores aos quais se subordina a influência do meio. A idéia fundamental é que o desenvolvimento precede a aprendizagem, só conseguimos aprender porque desenvolvemos determinadas estruturas compatíveis com a exigência daquele conhecimento, habilidade. A aprendizagem provoca modificações e transformações das estruturas cognitivas, que ao mesmo tempo, uma vez modificadas, permitem a realização de novas aprendizagens mais complexas.
             Na psicologia genético-dialética de Vygotsky há uma tríade bem importante que é conceito-pensamento-linguagem. Para ele, linguagem é o corpo do pensamento sendo o próprio pensamento em ação, o que sugere que a linguagem não é só um instrumento mas é também a própria criação do mundo. O conceito nada mais é que uma ferramenta para pensar, sendo sua formulação fundamental para desenvolvimento e aprendizagem das crianças. O mesmo salienta a importância do adulto não somente como organizador, mas também da mediação dele para o processo de aprendizagem.  Como sujeito do conhecimento, o homem não tem acesso direto aos objetos, mas acesso mediado, por meio de recortes do real, operados pelos sistemas simbólicos de que dispõe.
           Quando pensamos em mediação no âmbito escolar, devemos observar que não apenas o professor assume esse papel, mas também os pares – as outras crianças. Uma professora que estava presente na parte da manhã, lembrou da importância da interação das crianças na instituição, do dia da interação e dos grupos mistos. Devemos lembrar que quando tratamos da junção de crianças com diferentes idades, a mediação e supervisão do professor deve tentar garantir o avanço tanto das crianças maiores, potencialmente mediadoras, quanto das menores, geralmente mais afeitas à mediação dos pares mais velhos.
           Vygotsky propõem dois níveis de desenvolvimento: um real que é adquirido ou formado, que determina o que o aluno é capaz de fazer por si só; outro potencial, demarcando o que poderá fazer. A aprendizagem interage com o desenvolvimento, produzindo uma abertura nas zonas de desenvolvimento proximal (ZDP) - que significa a distância entre aquilo que a criança é capaz de fazer por si própria e o que ela é capaz de fazer com a intervenção de um outro.
           As trocas espontâneas ou facilitadas das crianças com o meio físico não são independentes de mediação cultural; as formas, as cores, a estrutura, a configuração espacial e temporal dos objetos respondem a uma intencionalidade social e cultural, mais ou menos específica. Vigotski também ressalta a importância da instrução como método mais direto e eficaz para introduzir a criança no mundo cultural adulto.
          Desta perspectiva, se propõe um modelo de aprendizagem guiado e em colaboração, baseado mais na interação simbólica com pessoas do que na interação com o meio físico. Sendo assim, a linguagem é fundamental por ser instrumento básico de intercâmbio simbólico entre as pessoas, tornando possível a aprendizagem em colaboração, mediação.
          O próximo tópico a ser relembrado são as técnicas corporais, os usos do corpo. Para o francês Marcel Mauss (2003) técnicas corporais são “[...] as maneiras pelas quais os homens, de sociedade a sociedade, de uma forma tradicional, sabem servir-se de seu corpo.” (p. 401). Tradicional não é, neste contexto, contrário de progressista, mas sim demarcação de uma cultura. Por isso que se joga, se dança, e brinca de determinada maneira.
           O corpo é o primeiro brinquedo da criança. Ele não é somente instrumento, mas é também. Uma brincadeira sempre exige um brinquedo para que ela possa acontecer, nem sempre na forma de uma boneca ou bola, podendo ser o próprio corpo, como pode ser o espaço também.
           Em determinado momento dessa discussão um professor, que se encontrava presente no turno da manhã, levantou a polêmica de ensinar sem demonstrar, sem utilizar-se do corpo para tal, e se é preciso ter a experiência do movimento para podê-lo ensiná-lo. Alexandre afirma que experiências pedagógicas mostram que é mais fácil de ensinar se também houver a experiência do movimento. Não é essencial, mas é um elemento importante se a pessoa tiver a experiência do movimento. A grande maioria dos professores presentes concordou que é fundamental a experiência do movimento, da técnica não como fim, mas como meio.
           Um possível papel para a Educação Física é fornecer chaves para conhecer (pelo conceito e pela experiência) as diferentes manifestações da(s) cultura(s) corporal(is). Modo de abordagem, usos, linguagens, regras, que nos ajudem a construir alguma ordem e algum sentido ou interpretação, que construam uma proximidade-distanciamento entre o vivido e a construção de uma experiência outra.
           Alexandre pontuou em um slide exemplos de conhecimentos relacionado à Educação Física como: o corpo como brinquedo – delimitação possível para a Educação Física; brincadeira – imaginação, espaço, objetos; mediação e arranjo do espaço e dos materiais; graus de complexidade – repertório. Em outro nos fez refletir sobre a complexidade, como: mais elementos nas brincadeiras, desafios mais complexos, capacidades distintas e interligadas para resolução de problemas, ampliação do repertório, desafios: risco controlado e situações não perigosas.
            Para finalizar o encontro Alexandre propôs uma dinâmica, tanto ao grupo da manhã quanto ao da tarde, para discutir situações das práticas relacionadas com o que fora discutida até aquele momento. Perguntas norteadoras foram expostas em um slide, como exemplo: como uma atividade pode se tornar mais complexa ao longo das etapas de formação?; Como a mediação do professo e dos pares atuam na ZDP?; o que uma criança “não pode” fazer dado o seu estágio de desenvolvimento.
            Na parte da manhã foi dado o exemplo do ensino do rolamento, em que visivelmente o grupo de crianças estava em estágio de desenvolvimento diferente, algumas não conseguiam executar o rolamento ao passo que outras que já queriam fazê-lo sem utilizar as mãos ou com saltos. O professor disse da necessidade de criar estratégias que não limitassem aquele pequeno o qual se encontrava em grau mais avançado e nem que a criança que ainda não tinha segurança para executar algo mais complexo copiasse seu par e esse machucasse. Alexandre explica por meio desse exemplo que estruturas organizativas mais complexas devem estar presentes nas práticas para que haja uma evolução das crianças que já estão em um nível de aprendizagem mais elevado também, e não somente estas ajudarem seus colegas a ampliarem suas experiências. É preciso também atentar para a segurança das crianças em praticar movimentos que comportam uma dose de risco, sabendo que risco controlado, como proposta de desafio, é diferente de uma situação perigosa.
            No grupo de formação da tarde, uma professora citou um exemplo da sua prática em grupos mistos. Relata que trabalha com crianças de 3 a 6 anos de idade e que conseguiu melhorar a interação das crianças e a produtividade da aula implantando a cooperação entre os pares, mas que algumas vezes não consegue comportar o grau necessário de complexidade que as crianças maiores necessitam. Diz que acha muito complicado trabalhar com crianças de níveis tão distintos de aprendizagem.
           Alexandre nos alerta para o desafio de não generalizar o sujeito. Desenvolver práticas que possam favorecer mediações, sobretudo das crianças maiores com para com as menores, mas não se esquecer de proporcionar práticas por meio das quais as crianças maiores possam também evoluir, avançar.


Referência:
MAUSS, M. Sociologia e antropologia. São Paulo: Cosac-Naify, 2003.