Caros colegas, este Blog tem como objetivo servir de ferramenta para os participantes da Formação Continuada dos Professores de Educação Física atuantes na Educação Infantil da Rede Municipal de Florianópolis, promovendo através de seu acesso a socialização de materiais e comunicação efetiva entre todos os professores.

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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Relatório do dia 20/11/2012 - Formação Continuada dos Professores da Rede Municipal de Educação de Florianópolis - GI

            No dia 20 de novembro de 2012, às 09h e 15min, teve início o Encontro do Grupo de Estudos Independente da Educação Física na Educação Infantil, último deste ano. Ele contou com a presença de doze (12) professores, bem como de uma bolsista do Núcleo de Estudos e Pesquisas Educação e Sociedade Contemporânea (UFSC/CNPq). Teve como pauta a discussão das atividades feitas durante o ano de 2012 e a organização do ano letivo de 2013.
O encontro começou com a exposição das gravações das dança-cirandas, feitas em um encontro extra pelo Grupo Independente com o intuito de ter um material concreto sobre o tema. Em seguida houve um debate sobre o material e propostas para avançar ainda mais, como haver produção de um segundo DVD de cirandas, organizar um relato sobre esta atividade e publicar em algum meio de comunicação.
No segundo momento foi organizado o calendário 2013 dos encontros do Grupo Independente. Como há incertezas se os encontros de Formação da Rede Municipal de Educação de Florianópolis continuarão acontecendo, o Grupo preferiu estabelecer dois encontros mensais e caso a Prefeitura confirme as atividades que por ela poderão ser propostas, o cronograma será adaptado.
Assim ficou disposto o calendário 2013 do Grupo Independente, com respectivos temas:

Março:
05-03 – Finalização do DVD Cirandas.
19-03 - Finalização do DVD Cirandas.

Abril:
02-04 – Debate acerca do desenvolvimento da consciência moral na infância. Jairo ficou responsável por abrir a discussão.
23-04 – Debate acerca do desenvolvimento da consciência moral na infância.

Maio:
07-05 – Oficina de capoeira. Andréa e Juliano se dispuseram a ensinar algo sobre a movimentação, instrumentos, história da capoeira.
21-05 – Oficina de capoeira.

Junho:
04-06 – Relatos de intervenções nas idades de 0 a 3 anos e debates de textos que possam orientar essa prática.
18-06 – Idem.

Julho:
02-07 – Avaliação referente ao primeiro semestre.

Agosto:
06-08 – Relatos e discussões sobre avaliação da Educação Física e como tem sido feita nas instituições.
20-08 – Idem.

Setembro:
03-09 – Convite aos supervisores de estágio das instituições em que atuam os professores presentes no grupo, para o debate sobre a avaliação na Educação Física.
17-09 – Debate sobre o tema acima.

Outubro:
08-10 – Produção de um CD infantil para utilizar nos momentos de Ed. Física.
22-10 – Idem.

Novembro:
05-11 – Retorno à discussão do tema mais polêmico do ano.
19-11 – Oficina de produção de matérias com a professora Geisa.

         Para a discussão do tema acerca do desenvolvimento da consciência moral na infância, o professor Jairo indicou o livro O educador e o desenvolvimento da moralidade na infância: uma abordagem construtivista, de Telma Peliggue Vinha.

Relatório do dia 06/11/2012 - Formação da Rede Municipal de Educação de Florianópolis

           No dia 06 de novembro de 2012, às 08h e 30min, teve início o Encontro de Formação da Rede Pública Municipal de Educação, grupo da manhã. Ele contou com a presença de vinte e dois (22) professores, bem como de uma bolsista do Núcleo de Estudos e Pesquisas Educação e Sociedade Contemporânea (UFSC/CNPq). O Encontro foi coordenado pelo professor Alexandre Fernandez Vaz e teve como convidado o professor Felipe Almeida vindo do Espírito Santo.
Na primeira parte foi possível contar com a presença da Doutora Senen, dermatologista, em nome da Prefeitura de Florianópolis, explicando e tirando dúvidas sobre a importância do uso de filtro solar. Ele é disponibilizado pelo órgão em questão para os professores de Educação Física da Rede Municipal.
Em seguida Alexandre apresentou o professor de Educação Física Felipe Quintão Almeida, da Universidade Federal do Espírito Santo, que compõe com Valter Bracht o grupo que tem se dedicado ao estudo do desinvestimento docente, no qual se refere a situação de muitos professores que param de investir na sua carreira em algum momento da sua vida. O convidado do dia vem falar sobre um tema correlato a este, que é sobre a Prática Pedagógica e a Produção de Conhecimento em Educação Física Escolar. Trata-se de um tema importante na perspectiva que todo educador deve ser alguém que pensa sua prática, ao mesmo tempo em que esta prática deve ser pensada no ponto de vista da pesquisa.
Felipe organizou sua fala em dois (2) momentos, sendo que no primeiro apresentou um balanço epistemológico da produção do conhecimento em Educação Física Escolar. Como que se organizou, sobretudo nesses últimos trinta (30) anos, a produção de conhecimento nesta área. Lembrando que um balanço é sempre um recorte, feito com base em alguns critérios. Depois, apresentou quatro (4) problematizações que precisam ser observadas quando se vai fazer um debate sobre a prática pedagógica e a formação docente em Educação Física.
Para apresentar o primeiro momento, foram utilizados como base dois (2) textos publicados recentemente em 2011 e 2012 chamado Educação Física Escolar como tema da produção do conhecimento superior nos periódicos da área no Brasil (1980-2010)¹, parte I e parte II, na revista Movimento. Esses dois textos são possíveis de ser encontrados na internet e foram resultado de uma investigação tendo como objetivo de estudo a produção do conhecimento em Educação Física escolar utilizando nove (9) periódicos da área tidos como importantes, são eles: Revista Brasileira de Ciências do Esporte (RBCE), Movimento, Revista da UEM, Pensar a Prática, Motrivivência, Motriz, Ciência e Movimento, Motus Corporis, Revista Brasileira de Educação Física e Esporte (RBEFE). Foi analisado esse conjunto de fontes desde as publicações de 1980 à 2010. Para a interpretação dos dados encontrados foram escolhidos quatro (4) chaves de leitura, eixos de interpretação: quais as principais perspectivas metodológicas, referências teóricas, problematizações e resultados.
Felipe nos traz um fato preocupante para quem está no campo acadêmico e para aqueles que estão atuando profissionalmente na área da Educação Física Escolar. Ele destaca que o volume de produção nessas nove (9) revistas, em um total de 4.166 artigos, somente 647 tinham como tema a Educação Física Escolar, o que equivale a aproximadamente 15% de toda a produção nessas três (3) décadas. Na análise feita foi possível saber quais periódicos publicam mais textos desse tema e a revista Motrivivência, aqui da UFSC, ficou em segundo lugar. Tendo conhecimento desse percentual, parece-nos possível dizer que este não corresponde à importância da Educação Física Escolar.
Depois de destacar esse primeiro aspecto, o convidado se ateve em outro, encontrado durante a pesquisa da qual ele fez parte, resultante nos dois textos que o usa como base para essa explanação, citados acima, que é o pluralismo teórico e metodológico que o campo da Educação Física experimentou durante essas três décadas. Felipe destaca esse fato como muito bom para o campo e faz uma síntese dessa multiplicidade desses trinta (30) anos, chegando nas problematizações, no segundo momento.
Quando se observa as publicações no período estudado pelos pesquisadores, constata-se que nos anos 1980 fundamentalmente predominou aquilo que se pode chamar de ensaio como forma metodológica. Nos anos 1990 e 2000 os dados demonstram uma variedade maior, destacando-se além dos ensaios, os relatos de experiência, estudos com base documental e bibliográfica, pesquisas de campo, etnografias, análises cienciométricas, pesquisa participante, pesquisa colaborativa, estudo de caso, entre outras, todas elas tendo de algum modo interesse na Educação Física Escolar. Esse maior equilíbrio metodológico parece acompanhar o amadurecimento teórico da área. Essas diferentes formas de fazer pesquisa são resultado de novas referências na área, e assim a produção do conhecimento sobre o tema cada vez mais sofre influência desse pluralismo teórico e metodológico, de tal modo que parece improvável que uma perspectiva prevaleça em detrimento às demais, como já foi o caso em períodos anteriores. Também do ponto e vista político é importante para assim haver diversos modos de como interpretar a Educação Física Escolar, segundo Felipe.
Esse pluralismo, que é responsável pela renovação discursiva no campo da produção do conhecimento em Educação Física Escolar, possibilitou algumas problematizações no campo e também para a prática pedagógica do professor. Felipe elencou quatro (4) delas: 1) A necessidade de renovar as práticas pedagógicas; 2) O retorno a didática; 3) A necessidade de considerar a “voz” dos professores; 4) O reconhecimento da “vida” no trabalho docente.
Iniciando o comentário pelo primeiro item, o convidado diz que as características assumidas pela atual produção do conhecimento em Educação Física Escolar hoje apontam na direção de pragmatizar as teorias pedagógicas, repensar a relação entre teoria e prática. Também é necessário diminuir o hiato entre a universidade e a escola para caminhar na direção de se pensar como mudar a prática em uma direção crítica.
Um desafio que está disposto no campo de formação dos professores é como realizar uma prática progressista em Educação Física. O que parece estar colocado é a necessidade de avançar no sentido de superar uma prática docente na qual não se acredita mais que contrasta com outra que ainda tem dificuldade de se pensar e desenvolver, como materializar o discurso crítico produzido pela área nos últimos anos.
O segundo aspecto listado é chamado por Felipe de retorno à didática. Com esse pluralismo teórico e metodológico, a produção do conhecimento indica que o foco na didática é estratégico para o momento, pois possibilita articular os diversos temas de pesquisa em direção a práticas pedagógicas concretas, diagnosticar equívocos, méritos dos processos de ensino e aprendizagem vigentes, apontar novas possibilidades de intervenção.
No terceiro eixo é comentado sobre considerar a voz dos professores, ou seja, o que eles tem a dizer, escutá-los. Durante muito tempo os investigadores consideraram as narrativas dos professores e suas vozes elementos sem muita importância para a prática pedagógica e na formação. Reduziu-se a formação docente a um conjunto de competências e capacidades vinculadas fundamentalmente à prática, realçando a dimensão essencialmente técnica da ação pedagógica, seus melhores métodos e técnicas. Como conseqüência dessa compreensão, predominou durante muito tempo tendências escolarizadas ou academicistas nos programas de formação dos professores. Ao confiar sua formação aos outros, a voz do docente foi silenciada nas decisões que precisam ser tomadas rumo a práticas inováveis. A formação assim compreendida deixa a entender que o problema de não se renovar a prática é apenas do professor e não, em larga medida, da proposta de mudança.
Sabemos que o professor é fundamental para a mudança e para repensar a prática. Ele deve se reconhecer como autor da sua prática, autônomo, alguém que reelabora, repensa. O reconhecimento da voz do professor contribui para entender como os docentes assimilam e reinterpretam novas idéias e conteúdos, mas também implementam novas estratégias. Isso aponta, portanto, para a necessidade de se ouvir mais os agentes que estão na escola e saber que prestar atenção no que eles têm a dizer implica em uma necessária humildade epistemológica.
Por fim Felipe encerra comentando sobre o ultimo item. Os estudos demonstram que a vida é um elemento importante para se pensar o modo do professor atuar. Nossos processos formativos acontecem em tempos e lugares diferenciados, tendo a memória um trabalho privilegiado em reconstruí-los. Por que é importante considerar o ciclo de vida? Alguns autores defendem que o valor formativo de uma ação formativa parece mais ligado à dinâmica interna e à história de vida dos professores do que à clareza das intenções do formador ou à qualidade de sua intervenção.
As decisões relativas à escolha da profissão, direção que é dada à carreira, desinvestimento no ensino, experiências inovadoras, abandono da docência, momentos pelo qual o professor passa pela sua carreira, poderiam ser estudados e compreendidas se além dos aspectos profissionais prestássemos atenção à pessoa que é o docente e sua à vida dele.
Após essa conversa, Felipe abriu espaço para perguntas e esclarecimentos. Professora Adriana se pronunciou agradecendo ao professor Alexandre por trazer o convidado para este encontro e em específico ao Felipe por coroar o trabalho que os professores do Grupo vêm tentando desenvolver na Formação da Rede Municipal e por trabalhar com dados concretos, como foi exposto em sua fala. Houve mais comentários por parte dos professores.
           Por fim foi agradecido ao professor Alexandre Vaz por sempre estar presente dando o suporte necessário a essa caminhada dos docentes em busca de conhecimento, reflexões, avanços referente à área, e também à Prefeitura Municipal de Florianópolis.

1 - Link para os textos citados:  http://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/19280