O Encontro iniciou por volta das 8h45min. O
professor Alexandre explanou sobre a reunião de trabalho realizada com as
supervisoras, na última semana do mês de agosto, sobre o tema da Educação
Física na Educação Infantil. O professor relata que pôde observar que há uma
relação variada com as supervisoras e as/os professoras/res de Educação Física.
Existem supervisoras com conhecimento sobre nossa área e outras não. Salienta
que entende importante mais contato entre as/os professoras/res de Educação
Física e as supervisoras e que falou na reunião o quanto é importante a
fundamentação da Educação Física. Outro assunto também abordado foi sobre a
especificidade da Educação Física: o que é direcionado à área e o seu papel na
Educação Infantil, e sobre Educação Física nos Projetos Políticos Pedagógicos
(PPPs) na Instituição. Há pouco espaço, pouca presença da Educação Física na
Educação Infantil, contudo se faz necessário lembrarmos do documento que
fizemos, este irá para a gráfica em poucos dias
e uma versão não inteiramente editada já está disponível para as supervisoras.
Ainda
sobre a reunião com as supervisoras, o professor Alexandre comenta que há
relatos positivos sobre os professores e que outro tema bastante enfatizado foi
a avaliação. Sobre isso o professor colocou sua posição: é impossível que as/os
professoras/res de Educação Física façam sempre avaliação individual de todas
as crianças da creche; disse ele às supervisoras que façamos relatos de
experiências diferentes, como, por exemplo: escolher um grupo diferente para
fazer avaliação individual, mas não fazer de todos os grupos. Caso contrário, acaba-se
repetindo e meramente adjetivando as crianças; experimentar modelos e tipos
pode ser uma boa oportunidade de refletirmos e aperfeiçoarmos a avaliação.
Relacionado
com isso, o que apareceu foram os critérios de avaliação. A professora Adriana
coloca que temos que arriscar para melhorar o debate. Completando, o professor
Alexandre diz que se pensarmos na formação, em longo prazo, mudamos os
critérios e os modos de avaliarmos. Há possibilidades de fazer isto, se
encontramos as crianças do “Grupo 1” ao
“Grupo 6”, podemos avaliar individualmente o transcurso de anos de formação e
não apenas um período curto.
O tempo foi outra questão abordada na reunião
com as supervisoras, pelo professor: a participação as/os professoras/res de
Educação Física nas horas que não são apenas "específicas". Se o
tempo não é escolarizado, qual o melhor período para a familiarização com as
crianças menores? Pode ser participando dos momentos de sono, de refeição porém
esses momentos podem fazer parte da Educação Física?
A professora Adriana convida a todos a
participarem do espaço criado pelo Grupo Independente, o qual será uma reunião
com as supervisoras das instituições as/os professoras/res que participam do
Grupo. Acentua que mesmo quem participa menos, que se sinta à vontade em
participar das reuniões do Grupo, para constar o que está acontecendo há o
compartilhamento dos registros dos encontros no Blog. A professora continua
enfatizando que acredita que é preciso fortalecer o Grupo Independente, já com
nove anos, sendo que é um grupo “light”, tranquilo, democrático, que tem sido
um interlocutor importante da Educação Física na Educação Infantil em
Florianópolis.
Após encerrar sobre a reunião com as
supervisoras, o professor apresentou ao grupo de professoras/res presente duas
práticas de Educação Física filmadas e editadas pelo antigo bolsista do grupo,
André Tristão, que foi professor da rede hoje é docente na UDESC e na UFSC. Foi
importante visualizar este material para que se extraísse pontos que
correspondessem ao que temos conversando ao longo do tempo aqui na formação.
A primeira apresentação foi uma filmagem de
aula da professora Inelve, na qual ela organizou o espaço com diferentes
objetos, para que as crianças os explorassem de diversas maneiras, criando e se
relacionando com os materiais e outras crianças.
O debate sobre este vídeo iniciou com os
professores compartilhando o que observaram: Professora Clarice levanta a
importância de deixar as crianças livres com alguns materiais disponíveis, ao
criarem surgem novas possibilidades, por exemplo, a menina que estava pulando
na falsa baiana. A professora Deise contribui dizendo que avalia positivamente
este tipo de proposta, com a participação de
crianças de diferentes idades, compartilhando espaços e tempos, proporcionando
atividades diferentes simultaneamente.
Jairo levanta a questão de que seria muito
grande a necessidade de controle das pedagogas, com o medo de que algum acidente possa acontecer.
O professor Alexandre retoma falando sobre a
organização do espaço, que este pode se tornar em um brinquedo. O que é
preparado para as crianças vai incitar o movimento, porém elas já trazem algo
em sua experiência. A interação entre diferentes gerações é difícil e
importante, tem que pensar nisso, há momentos que se deve interagir, mas outros
que se pode ter entre pares. Parece que isso é tarefa de planejamento, para que
não seja limitante e sim momento de potencializar pedagogicamente.
Ao comentar sobre a conduta das pedagogas nas
aulas de Educação Física o professor Alexandre fala que se deve fazer um
diálogo entre Pedagogia e Educação Física; Adriana complementou afirmando que é
importante colocar as diferenças para se trabalhar com elas.
Ao retomar o que o professor Jairo colocou que
considera excessiva a preocupação das pedagogas, o professor Alexandre
contornou dizendo que toda a forma de dor como aprendizagem deve ser banida, de
forma que temos que estar atentos a isso. Os jogos comportam uma dose de risco,
mas a segurança é absolutamente
fundamental. Isso que a Inelve fez não seria possível sem a presença de outros
adultos. Afinal, algo importante na Educação Física é aprender o respeito com o
corpo: o corpo do outro não é feito para machucar, assim como tampouco o
próprio. E saber lidar com a dor, a dor faz parte da experiência da vida.
O professor Juliano coloca que o parque às
vezes se torna um lugar de muito mais interação do que mediação. A professora
Andréa compartilha sua experiência dizendo que em sua unidade tal tipo de
atividade está institucionalizada porque há um projeto de interação, então com
a presença em um PPP facilita na prática, “não se fica sozinha”.
Um professor relata que é seu primeiro ano na
creche, que está aprendendo bastante, que dialoga com as professoras e a
supervisora, mas que seu maior medo é de não acompanhar/controlar tudo, quando
faz interação de dois grupos.
Professor Alexandre diz que temos que organizar
o espaço de tal forma que não obrigue o professor a estar em todos os lugares,
o que seria mesmo impossível. Precisamos da ajuda dos colegas. Quanto ao relato
da atividade, não é necessário que dê conta de tudo. Adriana complementa
falando que é necessário conversar com as pedagogas sobre o que queremos delas,
sobre a aula que nós planejamos.
O segundo vídeo apresentado foi com práticas da
professora Denise, ela resgata várias brincadeiras trazidas da infância das
demais professoras da instituição e proporciona um espaço para as crianças
vivenciá-las juntamente com os adultos.
A professora Deise inicia o debate dizendo ser
importante esse tipo de brincadeira, fazer este resgate, que envolve o
patrimônio cultural, histórico social. Assim as crianças percebem que os
adultos já foram crianças e que eles também já brincaram e brincam.
O professor Jairo levanta o fato de que a
estafeta tem seu lado bom, mais não muito e relata a carga de competitividade que
ela traz. O professor Alexandre diz que a estafeta envolve, sim, derrota e
vitória e competição, mas a Educação física é tradicionalmente competitiva,
então o que fazemos quanto a isso? Esquecemos, ignoramos?
A professora Adriana, relata que faz a opção de
não trabalhar com a competição. As crianças não estão preparadas para trabalhar
com valores morais que envolvam a competição. Tem um grupo que demonstra desejo
em colocar o que chamamos de competição nas práticas.
Jairo contribui dizendo que podemos fazer a
ponte de competição para cooperação. Criar mecanismos sem fim nos resultado.
Mais ênfase no processo que nos resultados é o que sugere o professor
Alexandre.
Segundo o professor Alexandre não adianta dizer
que o importante é participar, se a estrutura está montada para competir.
Quando as crianças brincam de treinar futebol, por exemplo (trazido por
Adriana), trata-se de uma dramatização, elas estão brincando de ser jogadores.
Deise diz que quando lidamos com uma proposta
única é mais difícil de trabalhar, já que as crianças têm o direito de
recusá-la. Professor Alexandre diz que tem dúvidas quanto a isso, pois é um
direito da criança aprender, mas ela tem o direito de rejeitar a aprendizagem? É
com várias ideias que temos que romper. Deise retoma dizendo que não é só nós, professores de Educação Física,
é que temos que romper com esta lógica, mas sim toda a instituição.
O encontro finalizou às 12 horas.
Luiza, Karoliny e Gabriel.