Caros colegas, este Blog tem como objetivo servir de ferramenta para os participantes da Formação Continuada dos Professores de Educação Física atuantes na Educação Infantil da Rede Municipal de Florianópolis, promovendo através de seu acesso a socialização de materiais e comunicação efetiva entre todos os professores.

Sejam bem-vindos !

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

PRÓXIMO ENCONTRO DIA 04.09.2012

Formação da Rede (Convocação)

Data: 04.09.2012

Horários: Grupo matutino: 8:00 - 12:00
                               ou
               Grupo vespertino: 13:00 - 17:00

 

Local: CEC (Eventos), na Rua Ferreria Lima 82 – Centro

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Relatório do dia 07/08/2012 - Formação da Rede Municipal de Educação de Florianópolis

               No dia 07 de agosto de 2012, às 08h e 20min, teve início o Encontro de Formação da Rede Pública Municipal de Educação, grupo da manhã. Ele contou com a presença de vinte e três (23) professores, bem como de uma bolsista do Núcleo de Estudos e Pesquisas Educação e Sociedade Contemporânea (UFSC/CNPq). No período vespertino estiveram presentes treze (13) professores, tendo início às 13h e 30min. Os Encontros foram coordenados pelo professor Alexandre Fernandez Vaz e tiveram como tema “Desenvolvimento e aprendizagem: cultura, práticas e brincadeiras”.
              Foi apresentada primeiramente a dinâmica do Encontro, em quatro (4) tópicos: 1º) Revisão de alguns aspectos tratados no encontro passado, 2º) As técnicas corporais e os usos do corpo, 3º) Práticas, brincadeiras, 4º) Em busca de elementos para um currículo.
              Alexandre começou revisando os dois grandes grupos de teorias da aprendizagem, as Teorias Associacionistas, de Condicionamento, de Estímulo-Resposta, e as Teorias Mediacionais. Para o primeiro, aprendizagem é um processo de associação de estímulos e respostas provocado e determinado pelas condições internas, desconsiderando o papel mediador da estrutura interna na aprendizagem; já para o segundo, aprendizagem é um processo de conhecimento, de compreensão de relações no qual as condições externas atuam mediadas pelas internas. Em suma, primeiro grupo desconsidera a importância da mediação daquele que conhece, o outro enfatiza a importância dessa mediação para que ocorra a aprendizagem.
               As teorias do condicionamento tratam de um sujeito universal, único, havendo certa subtração da cultura. A educação converte-se em uma tecnologia para programar reforços no momento oportuno, limitando a atividade didática a preparar e organizar as contingências de reforço que facilitam a aquisição dos esquemas e condutas desejados. Alexandre nos lembra que aprendemos muitas coisas por meio do condicionamento, que são necessários, mas é muito pouco para pensarmos sobre aprendizagem. Um dos limites dessa perspectiva pode ser visto em um exemplo: uma criança aprender, mediante prêmios ou reforços positivos, uma conduta desejada pelo professor, ao mesmo tempo que aprende o hábito de agir na esperança de uma recompensa.
            Em função da importância e dos limites de tempo foi decidido revisar duas teorias mediacionais, a de Piaget – Psicologia genético-cognitiva, e a de Vygotsky – Psicologia genético-dialética.
            Piaget fala em dois mecanismos fundamentais na relação do sujeito com os objetos, o primeiro é a assimilação: que é o processo de integração dos objetos e conhecimentos novos às estruturas velhas anteriormente construídas pela criança, é a assimilação do mundo à pessoa. O segundo é a acomodação: formulação e elaboração de estruturas novas como consequência da incorporação precedente, como o sujeito se acomoda no mundo.
            O mesmo também propôs quatro (4) estágios de desenvolvimento genético-cognitivo, aparecendo algumas vezes em suas obras de forma esquemática e em outras como maneira de orientar as práticas. São eles: sensório-motor, pré-operatório, operatório concreto, operatório lógico-formal.
           Importante saber de Piaget que as estruturas internas condicionam a aprendizagem, sendo mecanismos reguladores aos quais se subordina a influência do meio. A idéia fundamental é que o desenvolvimento precede a aprendizagem, só conseguimos aprender porque desenvolvemos determinadas estruturas compatíveis com a exigência daquele conhecimento, habilidade. A aprendizagem provoca modificações e transformações das estruturas cognitivas, que ao mesmo tempo, uma vez modificadas, permitem a realização de novas aprendizagens mais complexas.
             Na psicologia genético-dialética de Vygotsky há uma tríade bem importante que é conceito-pensamento-linguagem. Para ele, linguagem é o corpo do pensamento sendo o próprio pensamento em ação, o que sugere que a linguagem não é só um instrumento mas é também a própria criação do mundo. O conceito nada mais é que uma ferramenta para pensar, sendo sua formulação fundamental para desenvolvimento e aprendizagem das crianças. O mesmo salienta a importância do adulto não somente como organizador, mas também da mediação dele para o processo de aprendizagem.  Como sujeito do conhecimento, o homem não tem acesso direto aos objetos, mas acesso mediado, por meio de recortes do real, operados pelos sistemas simbólicos de que dispõe.
           Quando pensamos em mediação no âmbito escolar, devemos observar que não apenas o professor assume esse papel, mas também os pares – as outras crianças. Uma professora que estava presente na parte da manhã, lembrou da importância da interação das crianças na instituição, do dia da interação e dos grupos mistos. Devemos lembrar que quando tratamos da junção de crianças com diferentes idades, a mediação e supervisão do professor deve tentar garantir o avanço tanto das crianças maiores, potencialmente mediadoras, quanto das menores, geralmente mais afeitas à mediação dos pares mais velhos.
           Vygotsky propõem dois níveis de desenvolvimento: um real que é adquirido ou formado, que determina o que o aluno é capaz de fazer por si só; outro potencial, demarcando o que poderá fazer. A aprendizagem interage com o desenvolvimento, produzindo uma abertura nas zonas de desenvolvimento proximal (ZDP) - que significa a distância entre aquilo que a criança é capaz de fazer por si própria e o que ela é capaz de fazer com a intervenção de um outro.
           As trocas espontâneas ou facilitadas das crianças com o meio físico não são independentes de mediação cultural; as formas, as cores, a estrutura, a configuração espacial e temporal dos objetos respondem a uma intencionalidade social e cultural, mais ou menos específica. Vigotski também ressalta a importância da instrução como método mais direto e eficaz para introduzir a criança no mundo cultural adulto.
          Desta perspectiva, se propõe um modelo de aprendizagem guiado e em colaboração, baseado mais na interação simbólica com pessoas do que na interação com o meio físico. Sendo assim, a linguagem é fundamental por ser instrumento básico de intercâmbio simbólico entre as pessoas, tornando possível a aprendizagem em colaboração, mediação.
          O próximo tópico a ser relembrado são as técnicas corporais, os usos do corpo. Para o francês Marcel Mauss (2003) técnicas corporais são “[...] as maneiras pelas quais os homens, de sociedade a sociedade, de uma forma tradicional, sabem servir-se de seu corpo.” (p. 401). Tradicional não é, neste contexto, contrário de progressista, mas sim demarcação de uma cultura. Por isso que se joga, se dança, e brinca de determinada maneira.
           O corpo é o primeiro brinquedo da criança. Ele não é somente instrumento, mas é também. Uma brincadeira sempre exige um brinquedo para que ela possa acontecer, nem sempre na forma de uma boneca ou bola, podendo ser o próprio corpo, como pode ser o espaço também.
           Em determinado momento dessa discussão um professor, que se encontrava presente no turno da manhã, levantou a polêmica de ensinar sem demonstrar, sem utilizar-se do corpo para tal, e se é preciso ter a experiência do movimento para podê-lo ensiná-lo. Alexandre afirma que experiências pedagógicas mostram que é mais fácil de ensinar se também houver a experiência do movimento. Não é essencial, mas é um elemento importante se a pessoa tiver a experiência do movimento. A grande maioria dos professores presentes concordou que é fundamental a experiência do movimento, da técnica não como fim, mas como meio.
           Um possível papel para a Educação Física é fornecer chaves para conhecer (pelo conceito e pela experiência) as diferentes manifestações da(s) cultura(s) corporal(is). Modo de abordagem, usos, linguagens, regras, que nos ajudem a construir alguma ordem e algum sentido ou interpretação, que construam uma proximidade-distanciamento entre o vivido e a construção de uma experiência outra.
           Alexandre pontuou em um slide exemplos de conhecimentos relacionado à Educação Física como: o corpo como brinquedo – delimitação possível para a Educação Física; brincadeira – imaginação, espaço, objetos; mediação e arranjo do espaço e dos materiais; graus de complexidade – repertório. Em outro nos fez refletir sobre a complexidade, como: mais elementos nas brincadeiras, desafios mais complexos, capacidades distintas e interligadas para resolução de problemas, ampliação do repertório, desafios: risco controlado e situações não perigosas.
            Para finalizar o encontro Alexandre propôs uma dinâmica, tanto ao grupo da manhã quanto ao da tarde, para discutir situações das práticas relacionadas com o que fora discutida até aquele momento. Perguntas norteadoras foram expostas em um slide, como exemplo: como uma atividade pode se tornar mais complexa ao longo das etapas de formação?; Como a mediação do professo e dos pares atuam na ZDP?; o que uma criança “não pode” fazer dado o seu estágio de desenvolvimento.
            Na parte da manhã foi dado o exemplo do ensino do rolamento, em que visivelmente o grupo de crianças estava em estágio de desenvolvimento diferente, algumas não conseguiam executar o rolamento ao passo que outras que já queriam fazê-lo sem utilizar as mãos ou com saltos. O professor disse da necessidade de criar estratégias que não limitassem aquele pequeno o qual se encontrava em grau mais avançado e nem que a criança que ainda não tinha segurança para executar algo mais complexo copiasse seu par e esse machucasse. Alexandre explica por meio desse exemplo que estruturas organizativas mais complexas devem estar presentes nas práticas para que haja uma evolução das crianças que já estão em um nível de aprendizagem mais elevado também, e não somente estas ajudarem seus colegas a ampliarem suas experiências. É preciso também atentar para a segurança das crianças em praticar movimentos que comportam uma dose de risco, sabendo que risco controlado, como proposta de desafio, é diferente de uma situação perigosa.
            No grupo de formação da tarde, uma professora citou um exemplo da sua prática em grupos mistos. Relata que trabalha com crianças de 3 a 6 anos de idade e que conseguiu melhorar a interação das crianças e a produtividade da aula implantando a cooperação entre os pares, mas que algumas vezes não consegue comportar o grau necessário de complexidade que as crianças maiores necessitam. Diz que acha muito complicado trabalhar com crianças de níveis tão distintos de aprendizagem.
           Alexandre nos alerta para o desafio de não generalizar o sujeito. Desenvolver práticas que possam favorecer mediações, sobretudo das crianças maiores com para com as menores, mas não se esquecer de proporcionar práticas por meio das quais as crianças maiores possam também evoluir, avançar.


Referência:
MAUSS, M. Sociologia e antropologia. São Paulo: Cosac-Naify, 2003.

sábado, 18 de agosto de 2012

PRÓXIMO ENCONTRO DIA 21.08.2012

GRUPO INDEPENDENTE
Data: 21.08.2012

Horário: 09:00 - 12:00

Local: CEC (Eventos), na Rua Ferreria Lima, nº 82 – Centro

Pauta: 21 de agosto – Relato de experiência e oficina com a professora Adriana - Cirandas.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Relatório do dia 19/06/2012 - Formação Continuada dos Professores da Rede Municipal de Educação de Florianópolis - GI


No dia 19 de junho de 2012, às 09h e 15min, teve início o Encontro do Grupo de Estudos Independente da Educação Física na Educação Infantil. Ele contou com a presença de quatorze (14) professores, bem como de uma bolsista do Núcleo de Estudos e Pesquisas Educação e Sociedade Contemporânea (UFSC/CNPq). O Encontro foi coordenado pelo professor Jaison José Bassani (DEF/CDS/UFSC) e teve como objetivo continuar a discussão sobre a relação entre os Núcleos de Ação Pedagógica e a Educação Física: Relações sociais e culturais - contexto espacial e temporal, identidade e origens culturais e sociais.
Jaison inicia o encontro falando sobre a importância de vincular a discussão de cultura com o tema corpo, abordado no encontro anterior, mostrando o quanto ele é produto histórico-cultural e que consequências isso acarreta para a Educação Física. Foram trabalhados dois conceitos, técnicas corporais e usos do corpo, considerando que consideramos alguns deles como legítimos e outros não - estes seriam modos, práticas, costumes, que fundamentalmente desrespeitam ao corpo.
O conceito de técnicas corporais é formulado pelo sociólogo e antropólogo francês Marcel Mauss (1872-1950). Ele o evoca pela primeira vez no ensaio As técnicas do corpo, publicado inicialmente em 1935, na qual significa “[...] as maneiras pelas quais os homens, de sociedade a sociedade, de uma forma tradicional, sabem servir-se de seu corpo.” (MAUSS, 2003, p. 401). O ensaio de Mauss procura mostrar que mesmo aqueles hábitos ou práticas que nós consideramos naturais, como o andar, dormir, comer, espreguiçar-se, ou seja, hábitos que possuímos e que parecem ser inerentes ao ser humano, são construções sociais e culturais.
Importante também conhecer sobre os usos do corpo a noção de cultura somática, quando Jaison recorreu ao sociólogo francês Luc Boltanski (1940), autor de “As classes sociais e o corpo”, livro cuja ideia central é existência de regras que determinam o grau de interesse e de atenção que convém dar às sensações corporais e ao próprio corpo. As regras, as sensações e o próprio corpo não são idênticos nos diversos grupos sociais, e se constituem como códigos da própria sociedade.
Significamos o corpo de maneira completamente distinta uns dos outros e isso está ligado a um conjunto de regras que estruturam hábitos, e este é incorporado fundamentalmente por meio do corpo, assim construindo maneiras de se relacionar com os outros e conosco mesmo. A própria maneira de entender e significar o corpo é produto de circunstâncias históricas e sociais, seus gestos, suas ações as suas expressões. A partir dessas reflexões devemos pensar as conseqüências no âmbito da Educação e da Educação Física, Jaison destaca.
A discussão passou a ter foco maior na Educação Física, Pedagogia, as relações sociais e culturais, e suas intersecções; pensamos sobre a educação do corpo como problemática institucional. A Educação Física, junto com a instituição como um todo, tem a função de repensar as técnicas corporais e os cuidados com o corpo nos ambientes educacionais, como as práticas em tempos e espaços institucionais, castigos, ameaças, premiações, técnicas disciplinares e de regulação, discursos cientificistas. Devemos compreender que os corpos se expressam diferentemente porque representam culturas diferentes, sendo necessário entender quais os princípios, valores, normas que levam os corpos a se manifestarem de determinada maneira. É preciso, portanto compreender os símbolos sociais e culturais que estão representados no corpo para poder saber lidar com essa diversidade encontrada no âmbito da instituição educacional.
Jaison expõe e discute os elementos até aqui refletidos por meio do NAP em questão e o possível papel para a Educação Física nos ambientes educacionais. O papel da Educação Física é o de apresentar, historicizar, experimentar, problematizar e recriar o acervo de formas de expressão e representação do mundo que nós temos produzido no decorrer da história, exteriorizado pela cultura corporal (SOARES e col.), tal como os jogos, as brincadeiras, as danças, os esportes as lutas, as formas ginásticas, incluindo também aquelas oriundas da culturas primeira de crianças e jovens e das comunidades nas quais as instituições educacionais estão inseridas.
Devemos optar pelo desafio de dialogar com as distintas tradições e culturas que chegam até nossas instituições, mas não combatê-las; procurar entendê-las, sem aniquilá-las ou descartá-las como “inferiores”.
A Educação Física pode utilizar modos de abordagem, usos, linguagens, regras, experimentações, fornecendo uma ampla vivência para os pequenos, das diferentes manifestações da cultura corporal, pelo conceito e pela experiência, fornecendo chaves para o conhecer. Assim, de maneira espontânea e cotidiana incorpora-se a cultura produzindo elaborações e interpretações pessoais por meio das experiências e intercâmbios vividos pela criança.
Importante lembrar que nós, professores, fazemos parte de uma cultura que nos constitui como membros de uma coletividade com uma história, mas que esta não deve ser imposta ou permissível na educação do corpo das crianças.

Referências:
MAUSS, M. Sociologia e antropologia. São Paulo: Cosac-Naify, 2003. 
COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.

Relatório do dia 05/06/2012 - Formação da Rede Municipal de Educação de Florianópolis


No dia 05 de junho de 2012, às 08h e 20min, teve início o Encontro de Formação da Rede Pública Municipal de Educação. Ele contou com a presença de vinte e oito (28) professores, bem como de uma bolsista do Núcleo de Estudos e Pesquisas Educação e Sociedade Contemporânea (UFSC/CNPq). O Encontro foi coordenado pelo professor Dr. Jaison José Bassani (DEF/CDS/UFSC), substituindo o professor Alexandre Vaz, e teve como tema “Desenvolvimento e aprendizagem: movimentos entre a natureza e a cultura I – as contribuições dos teóricos de século XX”.
Foi apresentado o roteiro que tinha sido preparado para o encontro, que não necessariamente precisaria chegar ao fim.  A dinâmica da discussão ficou separada em quatro (4) tópicos:
1º - Exposição dos pressupostos fundamentais das principais teorias da aprendizagem do século XX;
2º - As teorias da aprendizagem na compreensão e nas práticas educativas: derivações didáticas;
3º - Os múltiplos sentidos da palavra cultura;
4º - Educação Física e relações sociais e culturais: as técnicas corporais e os usos do corpo.
Jaison diz que se baseou em Pérez Gómez  (Para compreender e transformar o ensino, 1998). O professor começou a discussão sobre o primeiro tópico alertando que as teorias da aprendizagem são aproximações parciais e restritas de aspectos e áreas concretas da aprendizagem. Dificilmente constituem um corpo integrado de conhecimentos capaz de explicar o sentido global dos fenômenos complexos que ocorrem em nossas instituições.
Existem dois grandes grupos de teorias da aprendizagem, os quais não são homogêneos e há diferentes correntes e autores em cada um, classificados pelo critério de concepção intrínseca de aprendizagem: as Teorias associacionistas, de condicionamento, de Estímulo-resposta e as Teorias mediacionais. Para a primeira, aprendizagem é um processo cego e mecânico de associação de estímulos e respostas provocado e determinado pelas condições internas, desconsiderando o papel mediador da estrutura interna na aprendizagem; já para segunda, aprendizagem é um processo de conhecimento, de compreensão de relações no qual as condições externas atuam mediadas pelas condições internas, ou seja, a primeira desconsidera a importância da mediação daquele que conhece, e a outra enfatiza a importância dessa mediação para que ocorra a aprendizagem.
Jaison apresentou os principais autores da Teoria do Condicionamento, alguns deles são Pavlov, Watson, Guthrie, Hull, Thorndike e Skinner. Esta teoria concebe o homem como produto das condições externas, ou seja, o meio produz uma série de contingências que irão reforçar e determinar certas condutas comportamentais. Os objetos, situações, acontecimentos, pessoas, instituições, têm um valor de reforço na constituição de cada pessoa.  A educação converte-se em uma tecnologia para programar reforços no momento oportuno, o professor se utiliza de um conjunto de meios para atingir determinados fins. A aprendizagem é percebida pela sequência de estímulo, resposta, recompensa, culminando no aprendizado.
Uma das críticas a essa teoria é ela explicar a aprendizagem como uma relação simples de entrada e saída, estímulos e respostas observáveis, desconsiderando as variáveis internas, da estrutura peculiar de cada indivíduo, sendo vista como insatisfatória para explicar o processo de aprendizagem.
As teorias mediacionais podem ser dividas em: 1) Aprendizagem Social, condicionamento por imitação de modelos, do qual os autores mais conhecidos são Bandura, Lorenz, Tinbergen, Rosenthal; 2) Teorias Cognitivas, subdivididas em Teoria da Gestalt ( Kohler, Whertheimer, Maslow, Rogers), Psicologia genético-cognitiva, (Piaget, Bruner, Inhelder), Psicologia genético-dialética (Vygotsky, Leontiey, Rubinstein, Wallon) e Teoria do Processamento de Informação (Gagné, Newell, Simon, Mayer, Pascual Leone). Jaison optou por trabalhar com as teorias cognitivistas, em especial com a Psicologia genético-cognitiva, de Piaget, e a Psicologia genético-dialética, de Vygotsky, devido à importância e do limites de tempo disponível do momento.
É fundamental entender que nessas teorias mediacionais as condições externas são mediadas por estruturas internas que conformam peculiaridade e singularidade aos sujeitos. Temos múltiplas maneiras de nos relacionar com essas condições externas, Piaget entende isso de uma maneira e Vygotsky de outra.
Jaison expôs alguns pressupostos importantes que demarcam um pouco como Piaget entende esse processo de aprendizagem e a importância da mediação. Observa-se na teoria de Piaget o intercâmbio entre o meio e a dinâmica do desenvolvimento interno. Ele tenta romper com o inatismo e o empirismo: o primeiro afirma que já nascemos com os conhecimentos necessários, precisando somente desenvolvê-los, o segundo diz que nascemos sem saber nada e são os sentidos nossa porta de entrada para o mundo, aprendemos a partir de nós mesmos. Piaget diz que há um processo duplo de construção do conhecimento, no qual há um conjunto de estruturas internas e há um conjunto de estímulos do meio e é nessa interação entre esses dois processos que se constrói o desenvolvimento, ou seja, a modificação da estrutura interna faria acontecer a aprendizagem, aquisição de novas habilidades, novos conhecimentos.
Importante saber de Piaget que as estruturas internas condicionam a aprendizagem, sendo mecanismos reguladores aos quais se subordina a influência do meio. A idéia fundamental é que o desenvolvimento precede a aprendizagem, só conseguimos aprender porque desenvolvemos determinadas estruturas compatíveis com a exigência daquele conhecimento, habilidade. A aprendizagem provoca modificações e transformações das estruturas cognitivas, que ao mesmo tempo, uma vez modificadas, permitem a realização de novas aprendizagens mais complexas.
Piaget fala em dois movimentos que explicam esse processo de construção genética: 1) a assimilação, que é o processo de integração dos objetos e conhecimentos novos às estruturas velhas anteriormente construídas pela criança; 2) a acomodação, formulação e elaboração de estruturas novas como consequência da incorporação precedente. Ambos constituem a adaptação ativa do indivíduo que atua e reage a compensar as perturbações geradas em seu equilíbrio interno pela estimulação do ambiente. Há um constante desequilíbrio, quando a criança é desafiada no seu dia-a-dia, por exemplo.
É importante destacar que a figura do adulto está presente somente na organização, como alguém que proporciona experiências no qual os indivíduos irão agir para a produção do conhecimento, sendo estes o sujeito ativo na sua aprendizagem. Assim a educação deve orientar-se para os processos autônomos e espontâneos de desenvolvimento e aprendizagem.
Vygotsky salienta a importância não somente do adulto como organizador, mas também da mediação dele para o processo de aprendizagem.  Tem maior ênfase na construção do conhecimento como uma interação mediada por várias relações, ou seja, pela mediação feita por outras pessoas. Enquanto sujeito do conhecimento, o homem não tem acesso direto aos objetos, mas acesso mediado, por meio de recortes do real, operados por sistemas simbólicos de que dispõe.
O que diferencia Piaget de Vygotsky é que esse último afirma que tudo que é construído, apreendido, é produto cultural e social. As trocas espontâneas ou facilitadas das crianças com o meio físico não são independentes de mediação cultural; as formas, as cores, a estrutura, a configuração espacial e temporal dos objetos respondem a uma intencionalidade social e cultural, mais ou menos específica. Este também ressalta a importância da instrução como método mais direto e eficaz para introduzir a criança no mundo cultural adulto.
Desta perspectiva, se propõe um modelo de aprendizagem guiado e em colaboração, baseado mais na interação simbólica com pessoas do que na interação com o meio físico. Sendo assim, a linguagem é fundamental por ser instrumento básico de intercâmbio simbólico entre as pessoas, tornando possível a aprendizagem em colaboração, mediação.
A linguagem fornece os conceitos, as formas de organização do real, a mediação entre o sujeito e o objeto de conhecimento, e é por meio dela que as funções mentais são socialmente formadas e culturalmente transmitidas (sociedades e culturas diferentes produzem estruturas diferenciadas).
Jaison finalizou o encontro com três (3) citações para refletirmos:
“Nosso cérebro não se encontra num tonel, mas em nosso corpo. Nossa mente não se encontra em nosso corpo, mas no mundo. E, quanto ao mundo, ele não está em nosso cérebro, nosso corpo ou nossa mente: estes é que, junto com os deuses, os verbos, as pedras e a política, estão nele.” (GEERTZ, 2001, p.181).
[...] os processos mentais do homem ocorrem, na verdade, no banco escolar ou no campo de futebol, no estúdio ou no assento do caminhão, na estação de trem, no tabuleiro de xadrez ou na poltrona do juiz.” (GEERTZ, 1989, p. 61).
“O pensamento humano é rematadamente social: social em sua origem, em suas funções, social em suas formas, social em suas aplicações. Fundamentalmente, é uma atividade pública – seu habitat natural é o pátio da casa, o local do mercado, da praça da cidade.” (GEERTZ, 1989, p. 150).

Referências:
GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro :  LTC Editora, 1989.
______. Nova luz sobre a Antropologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001.
PÉREZ-GÓMEZ, Angel. Para compreender e transformar o ensino. Porto Alegre: Artmed, 1998.