Começamos o encontro às 9h25min com uma breve apresentação dos participantes do grupo, já que novos professores estavam presentes devido o recebimento da correspondência interna encaminhada pela Secretaria Municipal de Educação às instituições de ensino no início deste mês. Tivemos também um breve momento de esclarecimento sobre a dinâmica de organização dos encontros. Em seguida o André fez a leitura do relatório do encontro anterior e passamos então a dar continuidade as apresentações dos relatos de experiência de três professores que faltavam e incluímos o relato de mais um professor, que manifestou interesse em expor sua prática.
- Lisandra: procura proporcionar diferentes experiências corporais (ginástica, rolamentos etc.); jogos e brincadeiras; avaliação diagnóstica como parâmetro para o planejamento; registro da prática (cinco crianças por aula); aproximação ao interesse das crianças; organização do tempo fica restrita, devido a dinâmica da turma; aulas sem intervalo.
- André: ampliação do repertório de movimentos e sensações (ginástica, esporte, circo, histórias, natação e atividades na água etc.); avaliação descritiva coletiva (este ano pretende fazer a avaliação coletiva e individual – NEI, e na creche permanecer com a avaliação coletiva); registro das aulas; organização do tempo: momento de preparação – hora atividade.
- Inelve: trabalho baseado em três projetos que são discutidos institucionalmente, que já se desenvolvem na instituição e passam por avaliação e reformulação todo ano. Projeto saídas e passeios - um passeio por mês para cada turma, de 7 a 8 passeios por grupo por ano; passeios perto ou longe da creche, dependendo da disponibilidade financeira; envolvimento dos familiares na questão financeira; (amplitude de movimentos – corda, bolas, tecidos, rede); Projeto boi de mamão – está enraizado na cultura da comunidade e a intenção é preservar; a cada 15 dias, (dança, imitação dos animais); diferentes bois e diversos tamanhos; Projeto espaços organizados – parque – acontece nas segundas-feiras, cria oficinas pelo parque quando o dia todo crianças de diferentes faixas etárias se encontram, proporcionando uma maior interação entre elas; avaliação semestral e coletiva a partir de registros fotográficos. Os três projetos acontecem simultaneamente e dependem de fatores financeiros e climáticos para se efetivarem.
- Tiago: trabalha um turno inteiro com uma única turma; participa da rotina; das trocas; interação das aulas com os projetos criados pelas professoras de sala; delimita uma parte das atividades são realizadas na sala e outra no parque; quando está no parque todos podem participar, independente da turma; contação de histórias na hora do sono.
Como tínhamos mais professores novos no grupo que não estavam cientes das atividades previstas para o encontro, sugerimos que fizessem seus relatos de experiência e encaminhassem para a professora Michelle que ficará encarregada de enviar para os demais participantes e compilá-los com os demais, auxiliando também no diagnóstico das práticas que auxiliará na formulação das diretrizes. Após os relatos, o grupo levantou algumas questões: 1) se o professor deve ou não participar de toda a rotina da creche. Este debate foi empreendido pelo fato de alguns integrantes do grupo atuarem com uma carga horária semanal limitada (10h) em uma instituição, desta forma, integrando-se à rotina da creche, as turmas que recebem atendimento deste professor ficariam prejudicadas, com pouco tempo efetivo de Educação Física. Acontecem no grupo situações opostas, alguns professores buscam integrar-se na rotina institucional e outros estabelecem os horários de suas práticas nos momentos que não são ocupados pelas atividades rotineiras (hora da alimentação, higiene, sono); 2) Por meio dos relatos podemos evidenciar que acontecem práticas diferenciadas na rede. Sobre esta questão, pensamos em dois aspectos. O primeiro é o lado positivo, acreditamos ser importante pela pluralidade de experiências proporcionadas. O outro se refere à preocupação do grupo em garantir legalmente esta pluralidade de possibilidades, já que este ponto pode “jogar contra” a Educação Física na educação infantil. Pensamos que este fato pode ser interpretado da seguinte maneira pela SME/DEI: se cada um faz o que quer, não precisa ter. Sobre esta questão, a professora Ana Cristina apontou que existem outros grupos de estudos em diferentes estados brasileiros que trabalham com a Educação Física na educação infantil, e sugeriu que dialogássemos com o intuito de socializar as discussões e debates, trabalhando em prol da legitimação da Educação Física na educação infantil.
Após debatermos os relatos demos início à discussão do texto. A professora Ana Cristina preparou um roteiro de apresentação, fazendo algumas diferenciações entre a Sociologia da Infância e a Sociologia. Dentre os pontos de maior entrave no debate, podemos destacar: 1) participação das crianças na organização institucional. Partindo do pressuposto que o sistema educacional é pensado, sistematizado, organizado e lecionado por adultos, a participação das crianças neste processo, a partir delas mesmas, como sugere a Sociologia da Infância, não aconteceria de uma forma plena, já que estes ambientes foram idealizados e estão subordinados à visão do adulto a priori. 2) A infância como um entre-lugar e entre-tempo, fusão do passado com o futuro. Esta questão necessita de um debate mais profundo, já que o tempo foi limitado neste encontro. 3) A ideia de culturas infantis. Pensar uma cultura infantil independente do mundo adulto é algo, no mínimo, duvidoso. Se a criança não utiliza os bens construídos pelos adultos com os mesmos significados que nós, estes servem de fonte alimentadora para a imaginação, recriação e resignificação infantil. Onde se tem uma fileira de cadeiras, a criança pode tomá-las como um ônibus, mas só o faz pelo contato prévio que teve com o ônibus, que é uma invenção dos adultos.
Finalizando o encontro, solicitamos que a professora Ana Cristina disponibilizasse o roteiro do texto por ela elaborado, que será postado no blog do grupo. Seguimos com a programação sugerida pelo professor Alexandre para os próximos encontros.