No dia 20 de março de 2012, às 08h e 39min, teve início o primeiro Encontro de Formação da Rede Municipal de Educação deste ano. Ele contou com a presença de vinte e dois (22) professores, bem como de duas bolsistas do Núcleo de Estudos e Pesquisas Educação e Sociedade Contemporânea (UFSC/CNPq).
O Encontro dessa vez seguiu um modelo pouco utilizado nas formações anteriores, ele foi dividido em duas partes, sendo a primeira uma palestra com a Psicóloga Vera Lúcia Soldera Dias e a segunda uma discussão coordenada pelo Professor Alexandre Fernandez Vaz.
A primeira parte do Encontro, apresentada por Vera, tinha como tema: “Saúde e bem estar do servidor: autoconhecimento e autocuidado”. Estavam presentes professores de Português, Inglês e Educação Física. Para iniciar sua fala ela apresentou o PROSABES, que segundo o site da Prefeitura Municipal de Florianópolis (2012) é “um Programa de Saúde e Bem-Estar do Servidor - PROSABES, com o objetivo de desenvolver ações individuais e coletivas de promoção a qualidade de vida e saúde no trabalho. A oferta das atividades, tem por premissa a participação de todos os profissionais que atuam nos diversos segmentos da Rede Municipal de Ensino de Florianópolis - SC.” Vera comentou brevemente sobre as campanhas presentes no Programa que são a saúde vocal, o tabagismo e a proteção solar, atentando aí mais especificamente para a área da Educação Física, que trabalha diariamente mais exposta aos raios solares. Ela aproveitou também para falar um pouco sobre a readaptação e adaptação dos servidores em outras funções em decorrência de doenças, procurou apresentar o que isto significa para aquele servidor, como e de quê forma aquela inserção em outro contexto é vista por todos os envolvido? A psicóloca afirmou que não deveria ser estranho termos que nos adaptar a diferentes ambientes e funções, visto que, estamos nos adaptando continuamente desde o momento do nascimento.
Após esta explanação inicial, a ministrante optou por realizar uma forma de apresentação dos presentes, foi fazendo várias perguntas a fim de que as pessoas pudessem ver quem era aquele seu colega de Rede. As perguntas foram do tipo: “De onde vocês são?” “Têm filhos?” “Quem aqui é casado ou mora com alguém?” “Há quanto tempo estão trabalhando na Rede e que está em vias de aposentadoria?”
Iniciou-se então a palestra propriamente dita. Vera afirmou que somos o todo e a parte ao mesmo tempo, que é impossível para qualquer pessoa se desligar totalmente de uma parte para ser a outra; exemplificando ela diz que você não pode trabalhar se desligando totalmente de sua casa e família, nem o oposto. Assim como somos o todo e a parte simultaneamente, somos também razão e emoção, e, segundo ela, só com esses dois elementos é possível que uma pessoa se conheça realmente, tenha um autoconhecimento. Vera salienta, no entanto que o crescimento decorrente do autoconhecimento pode ser positivo (mais alegria, mais calmo, mais saudável) ou negativo (mais triste, mais irritado, mais doente etc.).
A palestrante afirma que é importante nos perguntarmos se realmente nos conhecemos bem, se temos consciência de que tudo em nosso corpo está interligado e que o simples ato de respirar, por exemplo, pode influenciar todo o nosso comportamento. Respirar conscientemente é a primeira maneira para se alcançar o autoconhecimento.
A palestra seguiu com a apresentação de um vídeo sobre segurança no ar (avião), Vera mostrou tal vídeo com a intenção de que as pessoas percebam que para ajudar os outros tem que se ajudar primeiro, precisamos estar bem conosco. Nesse ponto foi possível fazer uma ligação com o tema autoestima, que segundo Vera é aprendida e de certa forma reproduzida através das gerações. Foram então apresentados alguns pontos como:
Características de baixa autoestima: Insegurança; perfeccionismo; dúvidas constantes; incerteza do que se é; não se permitir errar; necessidade de agradar; aprovação; reconhecimento; sentimento vago de não ser capaz de realizar nada - depressão.
Para se melhorar a baixa autoestima é preciso um trabalho de autoconhecimento. Ninguém é 100% perfeito, temos que aceitar que podemos errar e principalmente que podemos melhorar.
O que enfraquece a autoestima: Críticas e autocríticas; culpa; abandono; rejeição; carência; frustração; inveja; timidez; insegurança; vergonha; medo; humilhação; raiva; perdas e dependências.
Segundo Vera “A autoestima baixa geralmente este relacionada a falsos valores e a uma crença de que é necessária aprovação dos outros. (pais, avós, filhos e demais familiares, colegas, chefes etc.)”
Fatores que ajudam a elevar a autoestima: Autoconhecimento – psicoterapia; manter-se em forma física (gostar da imagem refletida no espelho); identificar as qualidades e não só os defeitos; aprender com a experiência passada; tratar-se com amor e carinho; ouvir a intuição (o que aumenta a autoconfiança); manter o diálogo interno; acreditar que merece ser amado e que se é especial.
O que se consegue com a autoestima elevada? mais vontade de oferecer e receber elogios e expressões de afeto; amor próprio, relações saudáveis; melhora da sexualidade; maior desempenho profissional; satisfação pessoal; autoconfiança elevada; maior flexibilidade em relação aos fatos; necessidade de aprovação; harmonia entre o que se sente e o que diz; sentimentos de ansiedade e insegurança diminuem; paz interior.
Os elementos em seguida trabalhados por Vera foram:
Relações humanas: Desenvolver a “empatia” (habilidade de se colocar no lugar do outro); confiança; diálogo aberto (existem 3 lados em qualquer polêmica: o seu, o do outro e o que está certo); sinceridade – verdadeiro é diferente de grosseiro.
Vícios: Ocorre das mais variadas formas, podem ser lícitos ou ilícitos: drogas alucinógenas, alcoolismo, cigarro, medicamentos tomados sem a avaliação de um profissional.
Estresse: Desgaste físico e mental causada por diversos motivos: ansiedade, depressão, doenças, pressão psicológica etc. Uma reação não específica do corpo a qualquer tipo de exigência excessiva.
Estresse negativo gera: Absenteísmo; desmotivação; afastamentos; conflitos interpessoais; presenteísmo (corpo no trabalho e cabeça em outro lugar); psicossomatização- “quando o sofrimento não pode se expressar através do pranto, ele faz chorar outros órgãos” (William Motsloy).
Saúde Física: Atividade Física e alimentação – mudança de hábitos; sexualidade.
Planejamento de vida (projetos – pessoais, de trabalho e familiares). Neste item Vera afirmou que é preciso saber o que se quer para depois pensar em uma madeira de conseguir; segundo ela nunca devemos nos acomodar, “se você fizer sempre do mesmo jeito vai receber sempre a mesma resposta. ATREVA-SE, faça diferente e obtenha outros resultados”.
Com a frase acima Vera encerrou a primeira parte do Encontro.
A segunda parte do Encontro de Formação foi coordenada pelo Professor Alexandre, ele iniciou dando as boas vindas a todos e aproveitou para contar um pouco sobre a experiência que teve ao participar de uma Formação do NEI Zilda Arns, localizado no bairro Carianos. Ele ministrou uma parte dela a convite da Diretora da Instituição, Joice, e da Professora Adriana, membro do Grupo Independente. Esta formação contou com aproximadamente 40 professores e tratou basicamente da relação entre público e privado e a presença das religiões dentro das creches e NEIs, principalmente sobre a forma de festas comemorativas. Segundo ele este é um tema bastante polêmico, pois o Estado assim como as escolas deve ser laico, porém mesmo assim a religião, em geral Católica, continua sendo presença marcante dentro das instituições de ensino.
Após esta breve introdução Alexandre apresentou a proposta de trabalho da Formação que, segundo ele, deriva dos encontros anteriores. A proposta para este ano é um eixo geral, uma forma de trabalho e um tema a ser trabalhado. O eixo geral dialoga com o documento orientador das Diretrizes Municipais para Educação Física na Educação Infantil no Município de Florianópolis, e é composto pelo documento que foi criado pelo Grupo Independente, sob sua supervisão, e ainda será discutido entre os professores da Rede para aí sim tornar-se um documento de orientação geral.
O eixo é trabalhar encima das assertivas que tal documento propõe. Os relatos de experiência presentes nele servem para de alguma forma dar materialidade ao que foi e está escrito no documento, evitando-se uma leitura abstrata, e mostrando que o que está apresentado pode ser feito de diferentes formas.
Alexandre afirma que outra questão não muito presente neste documento também será trabalhada ao longo da Formação: desenvolvimento e aprendizagem. Segundo ele houve um momento nos campos da Educação e Educação Física em que ocorreu um debate muito forte sobre o assunto, porém a partir dos anos 2000 o tema perdeu força. No entanto ele é de extrema importância no campo da Educação Física na Educação Infantil e isso fica visível quando esperamos algum resultado das crianças para o qual elas ainda não estão preparadas. Nós criamos expectativas diferentes daquelas das crianças. Segundo ele é importante nos perguntarmos sobre como podemos tornar mais complexas, interessantes e atrativas as práticas para as crianças ao longo dos anos de sua formação nas creches e NEIs.
Outro assunto brevemente abordado neste primeiro Encontro de Formação foi o referente à falta de trabalhos sobre a Educação Física de 0 a 3 anos e o tema da deficiência. Costumamos realizar uma generalização do sujeito educando, o que não deveria ocorrer visto que todos somos diferentes, o correto seria sermos tratados como tal. Precisamos enfrentar mais concretamente a questão da deficiência e da inclusão, já que fingir que não existe diferença só faz aumentar a descriminação e a desigualdade.
Referência:
PREFEITURA MUNICIPAL DE FLORIANÓPOLIS. Secretaria Municipal de Educação. Administração Escolar. Programa de Saúde e Bem estar do Servidor. Disponível em: http://www.pmf.sc.gov.br/entidades/educa/ Acesso em: 20/03/2012.
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