No dia 10 de junho de 2014, às 9h, aconteceu o Encontro de Formação de Professores do Grupo Independente de Educação Física. O encontro foi destinado a Oficina de Brincadeiras Musicais ministrado pelo Professor Rafael Spinelli, com a presença de 12 professores, 2 bolsistas de extensão que atuam no Grupo Independente, além de 3 bolsistas do Pibid do Curso de Educação Física da UFSC que participaram sob a orientação da Profª Adriana. A Oficina ocorreu na sala de oficinas na CEC, conhecida popularmente como Casarão.
Primeiramente o
Professor Rafael se apresentou, falou sobre sua formação e as unidades em que
trabalha e sobre sua experiência com recreação, destacada por ele como
facilitador para seu trabalho na Educação Infantil –mesmo com as diferenças de
objetivos de cada ambiente de trabalho.
Com a proposta de movimentação inicial, o professor
ministrante propôs uma brincadeira que consistiu na interpretação da música e a
inserção das articulações, partes do corpo e membros do corpo na letra: “Eu tenho a junta do meu corpo toda mole,
não me mole, não me mole. Eu tenho a junta do meu corpo toda mole, não me mole,
não me mole”.
Em seguida, o
Profº Rafael abordou a questão da denominação, apresentando as diferenças entre
cirandas e cantigas de roda.
Cirandas:
A "Ciranda" é uma dança
típica das praias que começou a aparecer no litoral norte de Pernambuco. Surgiu
também, simultaneamente, em áreas do interior da Zona da Mata Norte do Estado.
É muito comum no Brasil definir ciranda como uma brincadeira de roda infantil,
porém na região Nordeste e, principalmente, em Pernambuco ela é conhecida como
uma dança de rodas de adultos. Os participantes podem ser de várias faixas
etárias, não havendo impedimentos para a participação de crianças também.
Caracteriza-se pela formação de uma grande roda, geralmente nas praias ou praças,
onde os integrantes dançam ao som de ritmo lento e repetido.
As “Cirandinhas"
como o próprio nome sugere são um grupo de canções que surgiram à partir das
adaptações das canções adultas, como as cirandas, e passaram pela adaptação
para o universo infantil, seja pela própria interação com a criança, seja pela
características de pais e avós que às usam no ninar de pequenos e às
infantilizam para tanto. É comum que estas canções se unam e se fundam umas às
outras, sofrendo alterações de acordo com a região e características culturais
locais.
Cantigas de roda: são uma manifestação do brincar
infantil onde tipicamente as crianças formam uma roda de mãos dadas e cantam
melodias simples e folclóricas, de ritmo limpo e rápido. As letras destas
canções contam com características da cultura local, com letras de fácil
compreensão e assimilação quase que imediata. Em sua maioria foram aprendidas
com os pais, avós ou colegas de brincadeira. Acredita-se que tais melodias
podem ter origem em músicas modificadas de um autor popular, muitas vezes
surgindo através de autoria coletiva, iniciando anonimamente entre a população.
O
professor propôs que construíssem juntos os objetivos do trabalho com
Brincadeiras Músicas na Educação Infantil e após apresentou duas questões: Quando
e como empregar.
Objetivos
- Romper os
rótulos corporais/preconceitos;
- Ritmo;
- Comunicação;
- Ampliar os
repertórios de Brincadeiras das Crianças;
- Consciência
Corporal;
- Interação
Social- Cooperação;
- Criatividade
de Movimento.
Quando empregar?
- Para iniciar
uma aula (Quebra Gelo);
- Durante a
aula para desenvolver algum tema que quer ser trabalhado;
- Para
terminar uma aula;
- Entre
outras...
Como empregar?
- Projeto na Escola;
- Propor
interação entre as unidades próximas e fazer um repasse de cultura,
informação, socialização entre os alunos das instituições.
Alguns
pontos mais debatidos e reforçados no encontro foram: a dança circular, ritmo, preconceitos acerca das formas de dançar como
sexualidade, consciência corporal e aumento do repertório de brincadeiras.
Detalhando
as contribuições por temas, a dança circular evidenciou-se como brincadeira sem
compromisso e de grande utilidade para os professores, pois é praticada de
forma espontânea, em grupo e que possibilita a imitação pelos sentidos como
audição e visão dos gestos e cantorias dos participantes, sendo encarada
descontraidamente pela maioria. Já o
ritmo, que está implícito e presente
nas danças e também em várias brincadeiras cantadas, é útil para manter o foco do grupo, chamá-los e
aquecê-los para o início da atividade, aumento do repertório motor e
propriocepção. Por fim, é uma valência que deve ser utilizada tanto para
aprimoramento técnico, bem como para motivação e bom andamento das brincadeiras
até que se atinjam os objetivos propostos.
Uma
das partes mais polêmicas debatidas no encontro foi a questão de como
argumentar e superar os rótulos e costumes envolvidos nas danças e a sexualidade.
Em relação à questão de gênero, é preciso superar o preconceito dos meninos de
que a dança é algo feminino e somente para elas. Neste ponto, é preciso
perceber quais estilos musicais serão trabalhados e suas coreografias, sendo
ideal selecionar o repertório com base em músicas que não reproduzam gestos
obscenos divulgados pela mídia. Uma outra visão apresentada pela professora
Adriana é de que as crianças, independente de gênero e classe social, possuem o
direito de serem instigadas a se perceberem de forma a conhecerem suas
diferenças, pois a sexualidade está presente na vida delas querendo ou não, em
atos como amamentar, chupar o dedo etc.
Os
objetivos das brincadeiras de danças relacionadas ao desenvolvimento cognitivo
e corporal foram debatidos e apresentados no sentido de que, primeiro, muitas
letras de músicas reproduzem parte da cultura e tradições dos povos e instigam
a curiosidade e criatividade por parte das crianças e que podem ser trabalhados
de forma reforçada e complementar em sala com pesquisas e projetos. Ampliando
essa temática de aprendizagem, o repertório motor (coordenação) e a noção de
tempo e espaço são trabalhados constantemente, bem como o contato com o próximo
que envolve questões afetivas e sociais.
Concluindo
o encontro, o Professor Rafael indicou dois livros para complemento da temática:
- CUNHA, Suzana Rangel Vieira. Cor, som e movimento: a expressão
plástica, musical e dramática no cotidiano da criança. Porto Alegre:
Mediação, 1999.
- JOSÉ, Elias. O homem dos sete mil instrumentos e mil e uma alegrias. 1ª
Edição. São Paulo: Escala Educacional, 2003. 16 p. (Coleção Pedrinha
Mágica).
Segue
abaixo a letra de algumas brincadeiras ensinadas na Oficina.
Merequetê
Merequetê, merequetê
Merequetengue, tengue, tengue
Merequetengue, tengue, tengue
Esquindolelê
Entra na roda, esquindolelê
Entra na roda, esquindolala
Vai mexendo o braço, esquindolelê
Vai mexendo o braço, esquindolala
.....
Entra na roda, esquindolala
Vai mexendo o braço, esquindolelê
Vai mexendo o braço, esquindolala
.....
Trem I
Piuí Piuí Piuí
Coloca a mão no meu ombro
Piuí Piuí Piuí
Não deixa o trem descarrilhar
Eu sou a maquina
E vocês são os vagões
E os passageiros são os nossos corações ...
Trem II
Eu vou andar trem,
Você vai também
Só falta comprar a Passagem do velho trem
Passagem do velho trem
PAROU !
Você vai também
Só falta comprar a Passagem do velho trem
Passagem do velho trem
PAROU !
Iapô
Iapô iá iá ê ê ê
Iapô iá iá ê
Iapô iá iá
Iapô e tuqui tuqui
Iapô e tuqui tuqui ê..
Iapô iá iá
Iapô e tuqui tuqui
Iapô e tuqui tuqui ê..
.
Pulguinha
Tava dormindo quando algo aconteceu..
Veio uma pulguinha e a danada me mordeu! ACORDA!!!
Pula pulguinha, pula danada...
Pula sua pulguinha, que pulguinha assanhada!!
Merequetengue
Merequete
Merequete
Merequetengue tengue tengue
Merequetengue tengue tengue
Merequete
Merequetengue tengue tengue
Merequetengue tengue tengue
Pipoquinha
Uma pipoca puxa
assunto na panela
Outra pipoca vem correndoconversar
Ai começa um tremendo falatório
E ninguém mais consegue escutar
Outra pipoca vem correndoconversar
Ai começa um tremendo falatório
E ninguém mais consegue escutar
É um tal de
Ploc!
Ploploc! Ploc! Ploc!
Ploploc! Ploc! Ploc!
Ploploc! Ploc! Ploc!
Ploploc! Ploc! Ploc!
Ploploc! Ploc! Ploc!
Ploploc! Ploc! Ploc!
É um tal de Ploc!
Ploploc! Ploc! Ploc!
Ploploc! Ploc! Ploc!
Ploploc! Ploc! Ploc!
Ploploc! Ploc! Ploc!
Ploploc! Ploc! Ploc!
Ploploc! Ploc! Ploc!
Referências:
Letras das Cantigas de Roda: www.vagalume.com.br
Definição das Cantigas e Cirandas. http://www.educacaofisica.seed.pr.gov.br/modules/noticias/makepdf.php?storyid=476
Letras das Cantigas de Roda: www.vagalume.com.br