No dia 12 de Maio de 2015, a partir das 9h, teve início o
Encontro de Formação de Professores do Grupo de Estudos Independente de
Educação Física na Educação Infantil. Nesse dia, reuniram-se oito pessoas,
sendo sete professores e uma bolsista da UFSC. A reunião teve com pauta a
discussão do texto “O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
e o Espontaneísmo – (Re)colocando o ensino como eixo norteador do trabalho
pedagógico com crianças de 04 a 06 anos”, de Alessandra Arce. A leitura do
texto fora feita previamente por todos, e a discussão foi orientada pelo
professor Cláudio, mas com a participação dos demais.
O texto foi selecionado, entre tantos outros, pois uma
das questões discutidas nos encontros do ano anterior, e que chamou a atenção,
foi a Pedagogia da Infância, que se faz presente neste trabalho. O objetivo
principal da autora ao escrevê-lo, é trazer as questões presentes no
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), propondo uma
reflexão sobre a prática pedagógica.
Na introdução do texto, a autora descreve de que modo é
colocado o papel do professor, gerando algumas críticas ao seu modo extremo de
assim fazê-lo, descrevendo sua opinião de maneira que não haja “meio termo”, e
sim, uma única solução: “Estamos em
tempos em que aprender a aprender é imperativo, portanto o “velho” professor
que ensina deve ser aposentado definitivamente”. A partir de tal colocação,
provoca o leitor sobre as demais questões a serem tratadas, como os conceitos
de criança, professor e conhecimento.
Surge uma indagação por parte da professora Adriana: Será que ela (autora) tem ido às creches
para ver o que está sendo feito? A questão foi discutida entre todos,
propondo uma reflexão sobre as próprias práticas, que são “guiadas” pelo
documento do RCNEI, mas que incluem também a visão do próprio professor e a
necessidade e realidade das crianças envolvidas. Eles parecem entender que esta
questão poderia ter sido desenvolvida também no texto. Nesse momento, Cláudia
contribui contando a experiência de “desconstrução” (falas, movimentos, relação
com o outro) que está sendo desenvolvida em seu ambiente de trabalho, incluindo
os demais profissionais envolvidos, e fala das dificuldades da mudança, mas ressaltando a iniciativa proposta na
instituição.
Outra crítica que surge é a mudança de foco do objetivo
de todo o trabalho na Educação Infantil. Antes era privilegiada a educação da criança,
mas hoje, são as relações (professor - criança, criança - criança). Heloísa
coloca que os dois (educação/relações) devem ser foco de todo o processo, pois se fazem
necessários para o desenvolvimento da criança. Cláudia indica alguns
documentários que fazem menção a estas questões: “Caramba, Carambola: o brincar tá na escola!”, “Tarja branca”, “Happy:
documentário sobre a felicidade genuína ”e “I am”.
O
conceito apresentado sobre o “professor” no RCNEI e apresentado nesse texto, é:
“O professor posto em evidência pelo
RCNEI tem como função precípua ofertar brinquedos, espaço e tempo para as
brincadeiras infantis na instituição, possibilitando que as crianças escolham
os temas, papéis, objetos e companheiros com quem brincar, permitindo que os alunos
organizem de forma pessoal e independente suas emoções, sentimentos,
conhecimentos e regras sociais, brincando de maneira espontânea e prazerosa”. Dessa
forma, pela percepção dos professores presentes, é colocado de forma como se a
criança pudesse aprender sem a presença do professor, mesmo sendo ele colocado
como intermediador.
A Educação Infantil é colocada como “assistencialista” e “preparatória
para o ingresso na primeira série do ensino fundamental”. Segundo os
professores presentes, há transmissão de conhecimento nesta faixa etária, de
acordo com a metodologia que orienta seu trabalho. Mas, diferente dos “padrões
escolarizantes”, na EF busca-se não disciplinar corpos, e isto se fez presente
nos relatos de prática de algumas professoras. Mencionaram que há momentos em
que as crianças devem conhecer as coisas por si só, da maneira que julgarem
mais apropriadas, mas também há momentos em que é necessário escutar, sentar e
ouvir, pois isto faz parte do conhecimento. Outra questão, referente a “padrões
das escolas”, são os termos utilizados: “conteúdos”,
“alunos”, “aulas”, “prof”, “tia”. Algumas professoras utilizam alguns
destes termos, enquanto outras não se sentem confortáveis, explicando isso
através de exemplos e argumentos que foram construídos na história da Educação
Infantil, ficando a critério de interpretações e vivências de cada
professor(a).
Neste momento, surge outra indagação da professora
Adriana: “O que é trabalhar com
conhecimento na Educação Infantil? E na Educação Física da EI?”. Em sua
opinião, há um excesso de cientificismo, e os bebês estão ainda conhecendo o
mundo racional. Isto deve ser relevado, de modo a respeitar o desenvolvimento
das crianças de 0 a 3 anos. A professora Cláudia mencionou que suas práticas
pedagógicas são voltadas para o “conhecimento do mundo”, de maneira que busca
propiciar algo que só terão a oportunidade de vivenciar no espaço da Educação
Infantil, pois afirma que no ambiente escolar, o olhar não é voltado para cada
criança, de acordo com suas particularidades. Com esta colocação, a professora
Adriana e Heloísa propuseram que este assunto seja pauta de um dos encontros,
para que possam aprofundá-lo e conhecerem de que modo a professora Cláudia
organiza suas práticas. Neste momento, a professora Cláudia já havia se
retirado, então esta proposta será colocada novamente em outra ocasião, para
que vejam a possibilidade.
A proposta da Pedagogia da Infância se faz presente no
RCNEI, e foi pauta de breve discussão, com o intuito de entender seu principal
objetivo, que é uma aprendizagem sem terminalidade, sendo possível apresentar
temáticas diversas. Neste momento do encontro, são compartilhadas experiências
diversas com o trabalho de variados temas, como esportes, jogos e brincadeiras,
danças. Também foi mencionado o desafio da disponibilidade corporal do
professor, que deve brincar com as crianças, assumir papéis dentro das
propostas, aprendendo junto com elas.
A última indagação e crítica ao texto foi colocada pela
professora Adriana: Como dar aula sem
sentir prazer?. No texto e no RCNEI é muito comum falarem da necessidade da
criança executar algo sentindo prazer, porém, para ela e para os demais
presentes, é impossível isto não se fazer presente também na prática do
professor.
Por último, conversamos um pouco sobre a formação do
docente, a forma que se estruturam os estágios na formação, fazendo relação com
a realidade que encontrarão após o curso, relacionando algumas questões
discutidas sobre o texto e expondo opiniões.
Para o próximo encontro, no dia 26 de Maio, ficou marcada
uma visita a duas instituições. Primeiramente, iremos ao Dra. Nei Zilda Arns Neumman (NEI Carianos), localizada na Rua Arco
Íris, nº 79, 8ª quadra, no Bairro Carianos. Em seguida, iremos nos dirigir à Creche Hassis, localizada na Rodovia
Jorge Lacerda, na Via Expressa Sul, no bairro Costeira do Pirajubaé. Para
locomoção, alguns dos presentes se disponibilizaram a ir de carro e oferecer
carona à quem precisar.
O encontro encerrou-se às 12h.
Referências:
ARCE, Alessandra. O Referencial
Curricular Nacional para a Educação Infantil e o Espontaneísmo: (Re)colocando o
ensino como eixo norteador do trabalho pedagógico com crianças de 4 a 6 anos.
In: ALINEA (Ed.). Quem
Tem Medo De Ensinar Na Educação Infantil? 3. ed. Campinas: Alinea, 2013.
Cap. 1. p. 13-37.
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