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segunda-feira, 25 de maio de 2009

RELATÓRIO 05/05/09

Uma das questões debatidas pelo grupo freqüentemente e que julgamos ser um elemento de grande relevância para o enfrentamento de problemáticas, bem como contribuir com futuros educadores, a documentação das práticas pedagógicas ou de processos pedagógicos desenvolvidos no cotidiano das instituições, demonstram ser uma excelente ferramenta para fomentar debates.
Seguindo a proposta do grupo, de intercalar aprofundamentos teóricos e questões vinculadas às práticas, como ponto de partida das discussões, já que estes estão em constante diálogo em nossos encontros, tivemos a apresentação do relato de experiência da professora Michelle Goulart, que documentou uma proposta dela de trabalhar alguns elementos da Ginástica nos momentos da Educação Física.
Primeiramente, relatou seu contato com os esportes e brincadeiras, afirmando que desde pequena era uma criança muita ativa, que adorava esportes e atividades físicas. Quando adolescente jogava vôlei, e então sofreu uma lesão e o médico recomendou que ela fizesse outra atividade, foi quando a ginástica entrou em sua vida.
Ainda cursando a graduação em Educação Física, foi contratada para trabalhar com a formação de atletas de Ginástica, inclusive algumas chegando a seleção brasileira, com carga horária de trinta horas semanais.
Depois de formada, fez o concurso da prefeitura e foi trabalhar com Educação Física na Educação Infantil. Com a memória de uma infância muito alegre e ativa, queria proporcionar o mesmo para as crianças de sua instituição. Como tinha grande domínio da Ginástica, trouxe seus movimentos para a Educação Infantil, mas agora não com o objetivo de formação de atletas, assumindo uma perspectiva mais lúdica e pedagógica. Dentro desta perspectiva, estimulava as crianças a jogarem/brincarem com o próprio corpo, a buscar novos desafios, conhecendo seus limites e possibilidades.
Para maior sustentação teórica ao processo desenvolvido, ela fez uma aproximação de sua prática com o texto “Técnica, Esporte e Rendimento”(VAZ, 2001), principalmente no que se refere a questão da técnica, sendo ela a mediação entre o ser humano e seu próprio corpo, desempenhando destacada função na organização da corporeidade. Ainda sobre a técnica, buscou no texto "Esporte na Escola e Esporte de Rendimento" (BRACHT, 2000),ampliando a compreensão de alguns mal-entendidos cristalizados ao longo dos anos a respeito da técnica e do esporte, tais como: 1) quem critica o esporte é contra o esporte; 2) tratar o esporte criticamente é ser contra a técnica; 3) quem não é crítico é tecnicista; 4) a técnica coíbe a criatividade e espontaneidade;
Os outros educadores integrantes do grupo também relataram como a técnica é interpretada equivocadamente, sempre a associando ao fim desejado, enquanto propomos que a técnica é um mecanismo para contribuir com uma vida melhor, e que deve assumir uma dimensão lúdica quando na Educação Infantil. Através do aparato técnico, a criança ressignifica e cria outras formas de brincar, tendo como base a aprendizagem técnica de um determinado movimento.
A professora que apresentou o relato acredita que os conteúdos da ginástica são movimentos próprios das crianças, como os saltos, o equilíbrio, rolamentos, acrobacias, posições invertidas, dentre outros. Ela desenvolve atividades de acrobacias e posições invertidas apenas com as crianças maiores da creche, usualmente as de cinco anos, devido à maturação física das mesmas.
Segundo ela, as crianças experimentam os movimentos técnicos totalmente fora dos padrões biomecânicos, por isso a técnica serve como orientação, onde a vivência assume o eixo principal da proposta e não a perfeição do gesto técnico, me valendo da expressão cunhada pelos educadores, “elas fazem do jeito delas”.
No processo desenvolvido pela professora, é interessante notar a utilização de espaços e materiais alternativos, como o refeitório e as mesas e cadeiras que lá estão, cabideiros, elásticos, pneus para maior fixação das mesas, observados através das fotos e vídeos utilizados. Uma questão fundamental que dialoga com a preparação do espaço e materiais, é a segurança. Os materiais devem estar dispostos de uma maneira que ofereça total segurança para as crianças, bem como o espaço deve ser pensado previamente, evitando possíveis acidentes. Ainda em relação à segurança, o professor deve ter enorme cuidado no ensino dos movimentos técnicos, pois se executados erroneamente, pode provocar lesões. Quando nos referimos a esta questão durante o encontro, o movimento observado foi o rolamento pra frente, e a educadora ressaltou que a criança tem que estar com o queixo bem colado ao peito, evitando lesões no pescoço. Vimos através das imagens que a professora atendia cada criança individualmente, intervindo quando necessário.
Finalizando o encontro, discutimos brevemente sobre a preparação dos materiais e espaços para os momentos da Educação Física. Como relatado pelos integrantes do grupo, a organização destes materiais e espaços não é tão simples e rápida, então, eles consideram que o tempo gasto deveria ser incluso no tempo da aula, ou seja, a preparação faz parte da carga horária que o professor tem que cumprir. Uma possibilidade comentada no encontro é incluir as crianças neste processo.

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