Após o convite da SME/DEI para o grupo contribuir na construção das diretrizes curriculares da Educação Infantil, bem como na formação continuada dos professores da rede, pautamos a formulação de um documento, na forma de documento - manifesto, onde procuramos expor os debates e as produções do grupo desde sua criação e ressaltando a necessidade de uma formação continuada que seja específica para professores de Educação Física que atuam na Educação Infantil e que esta formação tenha um alcance mais massivo.
O processo de construção deste documento – manifesto se deu coletivamente, utilizando os materiais produzidos pelo grupo (relatos, relatórios e fichamentos) para a formulação do mesmo. Durante dois encontros discutimos e reavaliamos o conteúdo, visto a importância que este possui e chegamos a uma versão que ficou dividida em: 1) Apresentação, esclarecendo os objetivos do grupo com este documento e, como e porque surgiu o grupo de estudos independente; 2) Os caminhos trilhados, relatando historicamente as discussões, os anseios, as produções e parcerias efetivadas pelo grupo desde seu surgimento; 3) A proposta do grupo para a formação continuada.
O momento que sucedeu a formulação do documento foi a socialização do mesmo com os demais integrantes do grupo, a fim de discutir e avaliar o documento, verificando se este contemplava o que o grupo almeja para a formação e para as diretrizes.
Neste momento de socialização e discussão, foi levantada uma preocupação com a responsabilidade que pode ser atribuída ao grupo, ou seja, se algo der errado ou não for satisfatório, essa responsabilidade cairá sobre o grupo. Temos também como hipótese que a SME/DEI está dialogando com o grupo com a intenção de afirmar que a formulação das diretrizes e a formação continuada foi democrática e depois não ser condizente com as propostas do grupo. Estando alertados para isto, cremos que temos que nos posicionar com autoridade, evitando possíveis “golpes” por parte da SME/DEI.
Para melhor compreendermos o funcionamento da SME/DEI, convidamos um representante do sindicato dos professores, o Alex, que já fez parte do grupo e é formado em Educação Física. Para ele, o grupo tem que ter claro sua denominação, independente, tanto financeiramente, quanto politicamente, ou seja, o grupo se desvincula do poder em exercício, trilhando os próprios caminhos. Da mesma forma que o grupo, ele crê ser perigoso o convite da SME/DEI, pois o grupo corre o risco de ser usado para legitimar que houve um debate amplo e depois não suprir o que pretendemos.
Mais atrelado as questões burocráticas e legislativas, o Alex nos orientou para realizarmos uma aprovação mais massiva das propostas do grupo, que de certa forma estaria representando todos os professores de Educação Física atuantes na Educação Infantil, o que evitaria a preocupação supracitada. Desta forma, aprovaríamos as propostas do grupo em uma plenária, em que todos os professores de Educação Física que atendem de 0 a 5 anos seriam convidados, dando maior representatividade e legitimidade ao movimento.
Outra preocupação levantada no encontro em relação às diretrizes curriculares é sobre a diluição da Educação Física na Educação Infantil à luz da pedagogia da infância, onde a Educação Física pode se perder ou então haver uma posição hierárquica da Pedagogia. Por isso, iremos defender que a Educação Física tenha um capítulo à parte nas diretrizes curriculares, expondo as reais contribuições da área para a faixa etária e concordamos que este conhecimento não será materializado quando mediado pelas pedagogas. É também uma forma de garantir politicamente o espaço dos profissionais de Educação Física nestas instituições.
Uma CI (comunicação interna) enviada pela SME/DEI para todos os professores de Educação Física da Educação Infantil, também foi pauta deste encontro. Receosos, julgamos que o documento é suspeito, pois ele pode ter a intenção de mapear como está sendo feito o trabalho dos professores de Educação Física e verificar se está de acordo com a portaria 036/07, usando isto como dado contra as propostas do grupo, principalmente no que se refere à organização do tempo. Em outras palavras, a SME/DEI poderia estar fazendo um levantamento de quantas instituições organizam o tempo de outra maneira, que pensamos não serem muitas, e usar este fato para legitimar e reafirmar a atual organização, de três sessões semanais de quarenta e cinco minutos. Porém, a pergunta que deixamos é: como os profissionais irão superar a atual organização do tempo se não são fornecidos subsídios teórico –metodológicos suficientes para tal? Concordamos que esta carência deveria ser suprida no processo de formação continuada e nas diretrizes curriculares, incentivando propostas atreladas as necessidades e tempo da criança, onde a organização do tempo de cada aula/momento da Educação Física certamente não será o mesmo, ou seja, intentamos uma flexibilização do tempo pedagógico, e que ao longo do processo docente, os educadores percebem através do olhar atento e da reflexão, o tempo necessário para as atividades propostas, inclusive que este pode variar.
Concluindo o encontro e discutindo como materializar as propostas debatidas, decidimos enviar o documento – manifesto elaborado pelo grupo para a SME/DEI, somando a este o aviso de que o debate será ampliado para a rede. Agora iremos trabalhar na construção de um projeto de formação continuada, propondo todos os aspectos teórico – metodológicos, com o cronograma, os temas, as oficinas e os ministrantes.
Após concluirmos o projeto de formação, o mesmo será votado em assembléia a ser realizada no dia 19/05, onde todos os professores de Educação Física serão convidados. Nesta assembléia, o debate será aberto e alguns integrantes do grupo irão argumentar, suprindo possíveis dúvidas ou contraposições.
Para efetivar o convite a todos os professores da rede, decidimos passar em todas as unidades de atendimento infantil no município de Florianópolis, apresentando e esclarecendo a proposta e fazer o convite para participar da plenária. Esta tarefa será dividida entre os integrantes do grupo, que terá o apoio do Alex e do sindicato, com possíveis gastos de materiais, ligações, deslocamentos, etc.
Com esta proposta de aprovação mais massiva, pensamos estar nos protegendo de possíveis “golpes”, mas também julgamos ser uma iniciativa a favor da democracia, envolvendo o maior número de profissionais que atuam nesta realidade.
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