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quinta-feira, 5 de maio de 2011

Relatório do dia 03/05/2011 - Formação da Rede Municipal de Educação de Florianópolis

Relatório do dia 03/05/2011 - Formação da Rede Municipal de Educação de Florianópolis
      No dia 03 de maio de 2011, às 08h e 15min deu-se o início do encontro do Grupo de Formação da Rede Municipal de Ensino de Florianópolis, destinado a professores de Educação Física da Educação Infantil. O encontro foi coordenado pelo Professor Alexandre Vaz e contou com a participação de dezoito professores da rede, bem como de três bolsistas do Núcleo de Estudo e Pesquisas Educação e Sociedade Contemporânea (UFSC/CNPq). Houve alguns atrasos por parte dos professores participantes.
      Inicialmente foi feita uma breve apresentação dos presentes, com o nome e a instituição na qual eles trabalham. Como os encontros de Formação da Rede ocorrem apenas uma vez por mês, fez-se necessária uma recapitulação dos temas abordados no encontro anterior, tal como a apresentação do cronograma dos encontros durante o presente ano.
      Relembrando os pontos mais discutidos do encontro anterior ocorre uma pergunta importante: há ensino do 0 a 5 anos? Sabe-se que há educação, porém será ela acompanhada pelo ensino? Como lidar com o fato de o ensino acontecer ou não? Outros temas bastante discutidos foram os referentes à temática de planejamento e registro, além da inclusão. Devemos atentar não só para como lidar com essas crianças quando elas estiverem em nossas instituições, mas também nos preocuparmos com o fato de elas não estarem lá, uma relativa ausência de crianças com deficiência nas creches e NEIs pode demonstrar que a inclusão não está ocorrendo.
      Foi trabalhada também a relação entre o corpo e a infância e a distinção de organismo e corpo, sendo que o primeiro refere-se a algo biológico, enquanto o segundo a algo simbólico, desta forma, não se deve reduzir o corpo ao simples organismo. O corpo expressa classes, desejos, sentimentos e a sua educação no interior das instituições de Educação Infantil (EI) não se dá apenas nas aulas de Educação Física (EF), mas também nas horas da alimentação, higiene, sono e parque. Após dar-se conta disso é preciso perguntar o que a EF tem a ver ou não com esses outros momentos de educação do corpo e aproveitar todos eles para uma aproximação pedagógica.
      Um problema bastante enfrentado pela EF na EI é a generalização dos sujeitos e individualização dos conteúdos por parte do professor, quando deveria ocorrer exatamente o contrário. Posto desta forma acaba-se culpabilizando as crianças (sujeitos) pelo não aprendizado, já que todos são iguais, se um não aprende é por incapacidade sua. Discutiu-se também duas concepções, o Modelo Escolarizante representado pela Psicomotricidade e o Modelo Não-Escolarizante da Pedagogia da Infância/Educação Infantil, para que todos pudessem observar os distintos posicionamentos encontrados no que diz respeito à EF.
      Foi feito um debate acerca do fato de que a partir de um dado tempo a EF torna-se coadjuvante no processo de ensino, quando essa aula é instalada como algo secundário, que não precisa ocorrer, e o professor é visto como quem faz o mesmo papel do professor de sala, surgindo então, a necessidade de demonstrar e se trabalhar com as especificidades da EF. Os professores devem formar um planejamento comum; assim de acordo com sua especificidade o professor de EF pode contribuir para o trabalho do professor de sala e vice-versa. A discussão se encerra com a constatação de que a dinâmica pedagógica está submetida à dinâmica administrativa, quando deveria ocorrer o contrário.
      Após breve intervalo, o professor Alexandre começou a abordar, de fato, a temática prevista para o encontro em questão: a EF nos núcleos articuladores das Diretrizes Educacionais. A ideia era refletir sobre possíveis relações entre o documento orientador elaborado pela Prefeitura Municipal de Florianópolis no ano de 2010, nomeado Diretrizes Educacionais-pedagógicas para a EI, que trata da EI de maneira geral, com a EF nessa etapa da educação.
      Para tal, o professor Alexandre inicia expondo que o documento está disponível em todas as unidades educativas que atendem à pequena infância, de modo que todos têm acesso a ele; ao que uma das professoras da Rede complementa que existe, na verdade, um exemplar para cada sala das instituições. O Professor coloca que como qualquer documento orientador, ele simplifica algumas questões e, é importante ressaltar, não tem caráter estritamente acadêmico, mas de orientação. Acrescenta ainda que o Documento constitui-se apenas um primeiro volume, ao qual seguirão outros, de modo que se a EF não esteve presente de forma específica nesse primeiro momento, isso sugere a necessidade de sua presença em momentos posteriores.
      Para o professor Alexandre, é possível encontrarmos no Documento, dentre outros pontos, pressupostos e propostas vinculados à uma idéia de infância; que a função social da EI é mais do que cuidar das crianças, embora esse trato seja fundamental; o destaque ao caráter da docência, combatendo a noção de que as crianças “podem tudo por si mesmas”. Esse último ponto, inclusive, de acordo com outra das professoras da Rede, foi um dos que mais ganhou ênfase nesse novo documento, quando o comparamos com documentos orientadores anteriores.
      Nesse momento, o Professor coloca que não podemos esquecer que mesmo com a perspectiva de horizontalidade do conhecimento, não há como negarmos uma verticalidade na relação professor-criança ou aluno. Essa diferença não só existe, como não é ruim, ele pondera. Se ela não existir, o professor não tem sentido dentro da instituição, de modo que com a falta de vagas nas creches, faria mais sentido tirar o professor e colocar mais uma criança em seu lugar!
      A função da educação também foi relembrada: permitir a ampliação do repertório cultural. A esse ponto, questionou-se até que ponto estamos buscando ampliar o repertório das crianças na creche, ou apenas procurando ocupar o tempo em que elas estão nas unidades educativas. É preciso refletir se estamos corroborando com ganhos nos repertórios de nossas crianças, quando colocamos músicas da “Xuxa” para as crianças da creche escutarem, ou seja, algo com o qual elas já estão mais do que habituadas (provavelmente) a escutar em casa; ou se isso seria apenas a “instituição sendo reiterativa à indústria de entretenimento?”
      Acerca dos fundamentos norteadores das diretrizes nacionais, o professor Alexandre destaca o item no qual é colocado: princípios políticos dos direitos e deveres da cidadania, do exercício da criatividade e respeito à ordem democrática. Ele afirma que tais princípios são válidos quando colocados como metas de um processo, mas que é demais esperar que as crianças o possuam. Nesse sentido, indagou sobre outros momentos no qual devemos cuidar para não exigirmos muito das crianças; como por exemplo, quando dizemos que elas são capazes de autonomamente produzir cultura. Acrescentou, inclusive, que quando colocamos expectativas demasiadas sobre as crianças, estamos contribuindo, mesmo que digamos o contrário, com o adultocentrismo. Nesse sentido, o Professor aponta que talvez tenhamos abandonado um pouco as teorias do desenvolvimento, de modo que esquecemos que a criança tem também seus limites ligados à maturação.
      Conceitos como autonomia e independência foram explorados, a partir da dúvida de uma das professoras, bem como abordou-se o conceito de política, que culminou na fala do Professor de que necessitamos lembrar da separação entre vida pública e vida privada nas instituições de atendimento à pequena infância. Comentou-se, todavia, que tal fato muitas vezes não ocorre, sobretudo no que concerne à religião. Por fim, sem ferir o direito à religião das crianças e de suas respectivas famílias, o professor Alexandre denotou o caráter delicado das crenças para além da esfera privada, logo, o cuidado que devemos ter com elas: “se não, tantas forem as crenças, tantas serão as limitações.”

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