Caros colegas, este Blog tem como objetivo servir de ferramenta para os participantes da Formação Continuada dos Professores de Educação Física atuantes na Educação Infantil da Rede Municipal de Florianópolis, promovendo através de seu acesso a socialização de materiais e comunicação efetiva entre todos os professores.

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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Relato do dia 13 de agosto de 2013 - Formação continuada da Rede de Educação para professores de Educação Física

Período Matutino 


          No dia 13 de agosto de 2013, às 8h30, teve início o Encontro de Formação de Professores de Educação Física da Rede Municipal de Florianópolis, ministrado pelo Professor Alexandre Vaz, com a presença de 17 professores, 2 bolsistas e uma Assessora da Secretaria da Educação Infantil. O encontro teve como pauta principal o relato e discussões sobre as possibilidades e métodos das práticas pedagógicas acerca das teorias científicas já apresentadas em encontro anteriores.
          No primeiro momento do encontro retomamos ao assunto do anterior, com o Professor Alexandre apresentando slides contendo trechos de entrevistas e relatos de experiências de professores não identificados. O objetivo foi tratar algumas cenas, com questões da prática pedagógica, para serem analisadas.
          Primeiramente o Professor Alexandre apresentou 4 slides que destacavam as questões:

- Qual o papel da Teoria?
- Os interesses das crianças, a mediação do professor?
- E as crianças que não querem fazer (o tempo em que ficamos com eles)?
- Jogo, o que é possível?

          O papel da teoria é orientar, planejar, avaliar uma pratica pedagógica, trata-se de um conjunto de conceitos sobre algo. A teoria depende de mudanças, pode ser derrubada tanto pelo tempo, como por outra teoria. Não se pode enquadrar a realidade na teoria, é possível ter teorias divergentes.
         Os interesses das crianças podem ser momentâneos, imediatos, porém não podem ser um definidores de tarefas na instituição. Bom senso é necessário, porém não é suficiente. De que maneira posso orientar minha prática, que mediações fazer? Como posso ter mediações mais complexas mais apropriadas para cada criança? É preciso destacar que estas questões e outras apenas podem emergir da realidade.
          Para a professa Adriana Wendhausen, as crianças vão criando uma demanda daquilo que se lhes oferece, por exemplo: quando vamos fazer “tal brincadeira” novamente? Há ainda uma demanda que é construída com elas, como, por exemplo, um jogo elaborado por uma criança (Jogo do Diabo). Neste caso, a criança pediu para a professora Adriana para que brincassem do jogo por ele elaborado, o que ocorreu em aula previamente agendada. A professora perguntou para a criança como ele funcionava, obtendo como resposta as seguintes orientações: o Diabo, pega e transforma as pessoas em Morcego e este pega e as transforma em Vampiro. A professora percebeu a complexidade que a criança elaborou no jogo, no qual um personagem pega e transforma em outro personagem e este em um terceiro personagem. Durante o jogo a Professora relatou que havia problemas, pois o morcego depois de pego ficava sem função, já que se tratava do último personagem. A professora interferiu no jogo mediando a reelaboração das regras, além da introdução de uma barra com os alunos, para
que eles descansassem um pouco. A Professora Adriana relatou ainda que ficou surpresa com tanta criatividade e complexidade do jogo.
         Segundo o professor Alexandre, a imaginação é o conjunto de imagens que se juntam, transformando em magia, diversão, e que nas brincadeiras essas situações vivenciadas têm o papel, entre outros, de espantar o medo. Valores que são trabalhados/aprendidos: dramatização, medo, complexidade, jogo. Elementos como, espaço, tempo, imaginação.
         Em relação à questão das crianças que não querem fazer as práticas, o professor Alexandre explica que nem todos os alunos precisam fazer tudo ao mesmo tempo e juntos. Geralmente nas aulas Educação Física todos os alunos realizam as mesmas atividades ao mesmo tempo, sendo a aula centralizada, porém este controle total do professor não é sinônimo de boa aula e nem garante o aprendizado das crianças.
        Professora Adriana diz ter dúvidas em questões do que fazer com quem não participa. Segundo ela, a criança “pode não fazer, mas não deve atrapalhar”, utilizando com estratégia colocar o aluno em posições que desperte o desejo dele para participar da aula, espantando o medo, trocando a brincadeira por uma que eles adoram brincar. É importante mostrar que a criança, dependendo da idade, não pode sair da atividade em qualquer momento, há uma responsabilidade coletiva.
         Terminadas as questões dos 4 primeiros slides, o professor Alexandre apresentou mais 3 slides com as seguintes questões:

- Subordinação ou parceria das práticas da EF em relação as professoras de sala?
- Foto: construir e desconstruir. Brincadeiras – punição – castigo.
- Fragilidade de planejamento.
- Eficiência da brincadeira- resultado e processo.

         Quanto à primeira questão, o professor Alexandre iniciou o debate dizendo que, é preciso ter um projeto em comum com a professora regente, pois não podemos ser auxiliares de sala e que somos um sujeito na formação das crianças, tanto quanto ela. Um problema é o fato de não ter um currículo bem detalhado para a Educação Física.
        A Professora Deise relatou que é preciso ter parceria, uma via de mão dupla, trocar conhecimentos sobre atividades que devem e podem ser trabalhadas com movimento. A tradição é a subordinação clandestina da Educação Física com as demais disciplinas; quando não aceitamos a subordinação há muito avanço da Educação Física na Rede Municipal de Florianópolis. A professora complementa que trabalha suas aulas relacionando com os projetos de sala, porém ela é quem tem que buscar a parceria.
        A Professora Tiandra, que atua sob contrato de ACT, relata que teve dificuldades no 1º semestre, pois trabalha com teatro, dança, pintura, caixa de sensações, porém ficou frustrada quando a Professora de sala falou que ela deveria iniciar atividades de movimentos como andar e correr com as crianças.
       O Professor Alexandre explicou que tradicionalmente o professor de sala é o “chefe”, mas na verdade ele é mais um sujeito da formação das crianças. Neste sentido, surge a importância de fundamentar o planejamento para “enfrentar”, dialogar e criticar, mas sem julgar o trabalho que é feito, mas sim auxiliar.
        A Professora Claudia destacou a formação de Psicomotricidade, pois o equilíbrio, as noções espaciais e os estímulos são importantes no desenvolvimento das múltiplas linguagens.
        A Assessora da Secretaria e Pedagoga Fabrícia relatou que uma ponderação importante é a dificuldade em lidar com bebês, geralmente a cargo do professor de sala, pois com aqueles sempre estão em contato por cuidado e necessidade.
         Professor Alexandre diz que há fragilidade em lidar com os bebês, pois não falam, são diferentes e se expressam de outras formas. A Psicomotricidade é muito importante, mas até que ponto é terapêutica ou educação?
Existem poucas pesquisas que abordam a faixa de 0 a 3 anos. Há um enigma que aos poucos devem ser descobertos, há boas práticas, trabalhar os sentidos, diferentes formas de explorar os sentidos, tato, paladar, visão etc.
         A professora Heloisa relata que fez o planejamento com a supervisora e que o seguem. A relação entre ela e as professoras de sala é boa, pois as professoras sentem que ela já tem o apoio da supervisora, e assim obteve diálogo com as professoras de sala, sem conflito.
      A professora Verônica diz que no início da sua carreira passou por isso e que aos poucos houve mudança de supervisora, que enfrentou conflitos e teve que legitimar seu trabalho novamente.
A professora Heloisa contribuiu dizendo que deixou claro para a supervisora o seu planejamento inicial, mostrando de onde estava partindo e quem estava respaldando (Grupo Independente, Diretrizes Curriculares etc.). Verônica complementa sobre a importância de destacar que não se trata de ação isolada, mas que existe um Grupo de Estudos que ajuda a dar fundamento e suporte para nossas práticas. Complementa dizendo que é importante gerar clima de parceria na instituição, do contrário, tudo se transforma em uma briga diária.
        Limitação, privar ou não alunos das aulas. Elas têm direito de 2h15m por semana de Educação Física, tecnicamente esta sendo privada de um conhecimento.


Período Vespertino 


           No período vespertino estiveram presentes quatorze (14) professores e duas alunas recém-formadas pela UFSC e que pesquisaram seus TCCs em Práticas da Educação Física no âmbito da Educação Escolar de Florianópolis. Este encontro teve como pauta principal o relato e discussões sobre as possibilidades e métodos das práticas pedagógicas acerca das teorias científicas já anteriormente apresentadas e demais experiências/relatos advindos de profissionais que atuam nas instituições públicas de ensino.
          O primeiro momento do encontro conduzido pelo Professor Coordenador Jaison Bassani foi destinado à recapitulação do encontro anterior, ocorrido em Jul/13 em que foram abordadas questões das teorias científicas mediacionais (principalmente Piaget, Vigotsky e a interpretação de Peres Gomes) e seus desdobramentos práticos e de planejamento das aulas. Naquele momento anterior também se apresentou um vídeo que foi relembrado por todos. Outra questão de maior evidência foi a equação que comumente surge durante as aulas, tendo de um lado o interesse dos alunos e de outro o interesse dos professores.           Destacou-se também o sentido de progressão das práticas como elemento de um processo cumulativo e não reprodutivo, sendo feita uma distinção clara entre o caráter singular (único professor, características socioculturais únicas dos alunos etc.) e o universalizante (padronização das aulas em sentido amplo e reprodutivo). Toda essa problematização foi explanada de forma segmentada em estratos (slides) baseados nos registros e experiências anteriores, bem como em perspectiva segundo a qual a prática precede a teoria. Estaúl tima será processada e integrada por pressupostos teóricos (flexíveis e adaptáveis), formando, assim, uma consequência e um formato didático metodológico.

          No segundo momento se iniciou a discussão sobre os estratos, tendo no slide 1 o relato de uma professora de Educação Física de uma creche, de onde saiu a campo com as crianças numa atividade extraclasse. Com base na leitura deste relato, o professor Rafael levantou: como é possível adequar o planejamento previamente traçado dentro da proposta pedagógica a ser trabalhada com a estrutura e condição do local encontrado de forma que não descaracterize essa etapa do plano de aula? Em seguida a           Professora Denise complementou sua fala mencionando que o objetivo das aulas não devem ser delineados apenas sob olhar dos profissionais, mas, sim, devem ser tão horizontais e adaptáveis de forma que atinja, em grande parte, os interesses e objetivos sob o olhar das crianças. A participação do Professor Marcos contribui no sentido de ampliar os objetivos de forma adaptada aos instrumentos de avaliação praticados. Já para o professor Ronaldo, o relatório foi visto de forma positiva, pois a relatora projetou o futuro e fez uma autocrítica da sua aula, mostrando engajamento na docência. Por fim, a Professora Marilze destacou que o uso dos espaços fundamenta-se, principalmente, pelas diferenças biológicas, e socioculturais das crianças e adultos.
          O slide 2 apresentado na forma de entrevista por uma professora do NEI A incorporou uma nova temática, a Psicomotrocidade. Na ocasião o Professor Jaison explanou da carência sobre a temática infantil e suas implicações psicomotoras que apresentavam os currículos das instituições acadêmicas de duas décadas atrás! Também foi debatido as diferentes maneiras de compreensão do corpo e seus usos, destacando que as crianças são sujeitos pedagógicos.
          Já no Slide nº 3, abordou-se a questão da avaliação e demais orientações metodológicas. Momento em que se chegou à conclusão de que as teorias adotadas (sejam elas quais forem) são formuladas sempre posteriormente às práticas, e que as primeiras sempre terão consequência efetiva nestas últimas. É preciso quebrar a ideia de que a Educação Física deve se balizar apenas em uma única teoria estanque.
          Por fim no slide 4, o Professor Ronaldo argumentou sobre as crianças que não fazem nada durante as aulas, comportamento este que faz parte de um processo que é visto sob as diferentes interpretações do profissional: do ambiente (espaços em que estão inseridos), dos estímulos propostos e das experiências socioculturais e práticas anteriores vivenciadas pelas crianças. Concluindo, ficou evidente que muitas vezes os próprios profissionais e/ou responsáveis rotulam as crianças (preguiçosa, desobediente etc.) criando bloqueios e barreiras indesejadas e que comumente são reforçadas durante as aulas de Educação Física.

Encaminhamentos:

* O próximo encontro de CONVOCAÇÃO está agendado para o dia 03/09.

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