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segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

RELATÓRIO 25/11

Um dos elementos que está presente no esporte é a violência, muito em função da competitividade, da sobrepujança sobre o outro, que se manifesta tanto nas práticas pedagógicas de Educação Física quanto no alto rendimento.
Podemos argumentar que o esporte reproduz a ordem social, estabelecendo assim padrões de condutas, controlando a violência através das leis do estado, controle esse apontado por Elias como o controle das emoções no processo civilizador. As crianças aprendem com o passar do tempo a se auto-controlarem através das leis e regras sociais, manifestando isto nas brincadeiras infantis, reconhecendo a figura do outro, aprendendo a conviver em sociedade. Para Elias, o nível de controle das emoções de qualquer sociedade é diretamente proporcional ao grau de “civilidade” dessa sociedade, ou seja, quanto mais elevado for esse patamar, mais distante essa sociedade estará da barbárie.
A superficialidade com que o fenômeno esporte normalmente é analisado omite sua real complexidade e amplitude, se tratando de uma manifestação cultural que move massas, cria heróis e vilões, é lúdica e violenta, traz paixão e sofrimento, de alegria e dor e é capaz de parar um país por um simples jogo (que pode ser o jogo da vida de todos).
O fenômeno esportivo possui muitas características que se assemelham de uma forma simbólica a guerra, em que a batalha final é o jogo. As torcidas representam um papel semelhante ao das tribos guerreiras, se pintam, tem gritos de guerra e possuem um adversário. Por outro lado, este fenômeno é de certa forma um momento lúdico, de brincadeira e imaginação, podendo ser verificado quando os torcedores vestem a camisa de seu time, que é uma fantasia, se pintam, rezam, fazem promessas e apostas, onde o palco é o estádio e o espetáculo o jogo.
As pessoas possuem certa fascinação pela violência, que é garantida e controlada ao mesmo tempo pelas regras estabelecidas de cada modalidade esportiva. Pensar que multidões lotavam o Coliseu para assistir batalhas de homens contra leões, e os vitoriosos eram aclamados, tidos como herói, mas também comemoravam com a morte de alguém fraco, incapaz de vencer um leão. É claro que a maneira que os esportes se configuram hoje não possuem o mesmo nível de violência de antigamente, porém sua presença parece ser um ingrediente básico e necessário para que o esporte seja atrativo e apaixonante.
Para pensarmos o esporte de alto rendimento é preciso reconhecer todo o sofrimento corporal que ele promove, com o espírito de sempre superar seus limites, a dor parece não ser um elemento que represente o limite do ser humano, o que acaba causando lesões, deformações e mesmo óbitos. É inesquecível a imagem da maratonista que percorreu a reta final dentro do estádio quase caindo, andando completamente torta e exausta, e assim que cruzou a linha de chegada despencou no chão e rapidamente foi atendida pelos médicos que ali esperavam.
A presença do esporte no campo educacional deve assumir outra perspectiva, ou então ele pode ser altamente excludente, selecionando apenas os mais aptos, além da instrumentalização do corpo, limitando assim os movimentos que as crianças deveriam ter a chance de experimentar. Por outro lado, quando o resultado não é o fim e apenas um dos elementos presentes no esporte, este pode assumir outro caráter, enfatizando todo o processo de aprendizagem, como acontece com os índios do Pará, citado no encontro, que todos os jogos de futebol da tribo acabam empatados.
Funcionalizar o esporte pode ser também uma idéia equivocada, por exemplo que o esporte serve para promover saúde. A prática de uma atividade esportiva pode não ter utilidade, porém ter fundamento na própria vivência, joga porque gosta, dá prazer.
A idéia do esporte de alto rendimento de que o individual deve se submeter ao coletivo, que a vitória deve ser o objetivo principal, mesmo que para tal as habilidades individuais sejam excluídas, não faz tanto sentido no esporte educacional, onde a plasticidade ao realizar determinado movimento pode ser um momento mais prazeroso que a própria vitória, atribuindo outros significados à prática esportiva para além do resultado.
O ensino dos esportes como qualquer outra prática corporal, são elementos da cultura decodificados em movimentos, que nas práticas pedagógicas de Educação Física devem ter o intuito de ampliar o repertorio de movimentos corporais das crianças, e não podem ser comparados à prática de alto rendimento pois possuem uma dimensão educativa, e por isso deve assumir outro caráter na escola.
Um fator que prejudica a compreensão do fenômeno esporte e suas possibilidades nas práticas educacionais é a mídia. Quem define o que é o esporte não são os profissionais de Educação Física e sim as pessoas que trabalham com o esporte na mídia, normalmente com discursos de senso comum, cristalizando cada vez mais a idéia de que o esporte é um meio de ascensão social, omitindo a pluralidade deste fenômeno. Dizer que o esporte não é um meio de ascensão social seria mentira, porém o que tentamos destacar são as implicações que isto tem de uma forma mais ampla.
Para superar a superficialidade da compreensão deste fenômeno, o professor de Educação Física assume um papel de grande importância, analisando de uma forma crítica o esporte midiático para transformá-lo em elementos educativos. É necessário também que os professores de Educação Física conheçam os esportes, podendo criar novas possibilidades para intervir em determinada realidade.
Ainda sobre as práticas pedagógicas de Educação Física, os professores devem pensá-las sempre como um processo, que sofre alterações, com momentos bons e ruins, e não como episódios que têm fim em si mesmos.

2 comentários:

Anônimo disse...

TESTE DE COMENTÁRIO

Anônimo disse...

Olá...André peço que inclua meu email no grupo de participantes do grupo.
Obrigada,
Carmen