Caros colegas, este Blog tem como objetivo servir de ferramenta para os participantes da Formação Continuada dos Professores de Educação Física atuantes na Educação Infantil da Rede Municipal de Florianópolis, promovendo através de seu acesso a socialização de materiais e comunicação efetiva entre todos os professores.

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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Relatório do dia 13/09/2011 - Formação da Rede Municipal de Educação de Florianópolis

No dia 13 de setembro de 2011, às 08h e 15min, teve início o Encontro de Formação Continuada da Rede Municipal de Ensino de Florianópolis. O encontro contou com a presença de 27 professores, bem como de duas bolsistas do Núcleo de Estudos e Pesquisas Educação e Sociedade Contemporânea (UFSC/CNPq).
O encontro foi coordenado por Michelle Carreirão Gonçalves e teve como tema Acompanhamento, sistematização e análise de experiências em Educação Física (EF) na Educação Infantil (EI): instrumentos, métodos, distintas narrativas e memórias. Segundo Michelle é importante, antes de falar sobre o tema, saber o que os documentos norteadores da Educação Infantil têm a dizer sobre o assunto. Ela fez um destaque à Resolução nº 5 Art. 10 de 17 de dezembro de 2009 (MEC), que diz respeito ao acompanhamento e avaliação do trabalho pedagógico. Estes têm por objetivo: observação crítica, pensar e repensar o trabalho pedagógico; múltiplos registros, devido à grande complexidade da realidade dentro da EI, desta forma apenas o registro escrito pode não ser suficiente; relação das famílias com a instituição. O outro documento citado por Michelle foi o das Diretrizes Educacionais pedagógicas para EI (PMF), que fala mais especificamente sobre a necessidade de “ampliação, diversificação e sistematização das experiências e conhecimentos das crianças.”
Seguindo sua fala, Michelle apontou alguns elementos a serem considerados nos registros, foram eles:
• Espaços: descrever quais são os espaços e suas características, como e por que eles foram utilizados, como as crianças se apropriaram dele, entre outros elementos. Segundo ela o espaço determina a prática/dinâmica, porém não inviabiliza outras formas de sua utilização.
• Materiais: descrever que materiais havia, de que forma eles foram utilizados, como eles foram apropriados pelas crianças.
• Encontro com os pares e com os outros: quais são, como e quando ocorrem as interações.
• Auscultação: com se dá o processo de “ouvir” (mas não apenas com o ouvido) o que as crianças estão trazendo de novo, saber se colocar a partir do que elas apresentam.
• Ampliação, diversificação e sistematização das experiências e conhecimentos das crianças: perguntar-se em que medida isto realmente está ocorrendo em nossas práticas pedagógicas.
• O brincar: descrever como ele ocorre. É importante observar isso a partir de uma real aproximação às crianças, de um acompanhamento, “juntar-se ao brincar delas”. Se o brincar é um dos eixos importantes do trabalho pedagógico, é preciso observar e acompanhar cada criança, dentro do possível, para verificar quais brincadeiras e brinquedos foram preferidos, com quem e como brincaram, se brincaram de faz de conta, se experimentaram alguma nova brincadeira.
• Registro de falas das crianças.
• Intercâmbio de informações em reuniões pedagógicas.
Michelle destaca que esses elementos são fundamentais também no planejamento, e que as questões não precisam estar presentes ao mesmo tempo em um mesmo registro.
O próximo ponto apresentado no encontro foi referente às perguntas a serem feitas pelos professores em relação às crianças, pontos a serem observados por eles no decorrer do trabalho pedagógico:
• Como a criança reage à presença dos diferentes adultos que interagem com elas? Essa pergunta em particular gerou muita discussão, um professor comentou que em suas aulas não ocorre a presença das professoras de sala, segundo ele “este é o momento de elas recarregarem suas baterias”, pois muitas vezes ficam sobrecarregadas. Uma professora destacou que é importante uma parceria com os professores de sala e não um enfrentamento. Segundo ela, a sobrecarga de trabalho tem que estar presente na pauta da discussão da instituição, afirmando também que “Os problemas da sala de aula não são exclusivos dos professores e auxiliares, mas sim da instituição.” Outra professora comentou o quão importante é, em sua opinião, a participação dos professores de sala nas aulas de Educação Física (EF). Ela afirmou que nesses momentos é possível haver uma conversa entre os professores, que as atividades fluem melhor com o auxílio, e ao mesmo tempo isso não sobrecarrega a professora de sala, já que, quem está coordenando tudo é a professora de EF. É importante sempre lembrar que não é a “minha” criança, e sim a “nossa”, sendo todos responsáveis pela educação dela. Este foi um tema polêmico no encontro, por conta, justamente, do número elevado de professores. Eles, na maioria, não participam das discussões realizadas no Grupo Independente, nem na própria formação oferecida pela Secretaria Municipal. Naquele momento foi possível observar como há divergências a respeito da dinâmica das instituições com relação à EF. Enquanto em alguns lugares o trabalho dos professores dessa área já tem grande legitimidade e uma forma específica para lidar com os pequenos, em outros lugares há ainda em outros muitas dúvidas, inseguranças e também resistências, funcionando ainda o modelo escolar.
Continuando a discussão sobre o assunto, Michelle comentou que pode ser importante, também para a professora de sala, estar presentes nos momentos da EF, em momentos de “liberdade” das crianças, não no sentido de elas fazerem o que bem entender, mas sim no de proporcionar certa libertação do espaço circunscrito da sala de aula. São esses momentos importantes também para as professoras de sala, pois oportunizam o estabelecimento de novas relações com as crianças (quando brincam com elas em outros espaços, como no parque, por exemplo; ou quando se colocam em outro lugar que não o da professora que coordena tudo o tempo inteiro, pois durante a EF é outro profissional que ocupa esta posição), com seus próprios corpos (quando as professoras sentam na grama ou na areia, sujam suas roupas e mãos, rolam no chão com as crianças, enfim, coisas que, no geral, não fazem ou fazem muito pouco) e também com os outros adultos que trabalham com ela, como a auxiliar e o professor de EF, por exemplo (este momento pode criar um espaço para o diálogo, para a troca, para o pensar e planejar juntos o trabalho com as crianças, para diminuir a dinâmica solitária de trabalho, para solucionar problemas, e também para passar um bom momento – por que não?). Segundo ela, é importante criar uma nova relação entre os professores. Um professor pediu a palavra para destacar, sob seu ponto de vista, quais os pontos positivos e negativos da presença da professora de sala nas aulas de EF. Como ponto negativo ele citou a perda da autoridade, já que muitas vezes o professor de EF estaria tentando explicar alguma coisa para a criança da maneira mais calma possível e do seu modo, de repente chega a professora de sala “berrando” e interferindo no quadro. Como ponto positivo, ele destaca o auxílio que elas proporcionam, pois geralmente são muitas crianças. Todos concordaram que a situação fica ainda mais complicada quando se é ACT e a cada ano se está em uma instituição diferente. Uma professora reafirmou que é preciso haver um diálogo entre toda a instituição e que a EF tem que estar presente no PPP, com seus objetivos bem claros.
Outras possíveis perguntas a serem observadas com relação às crianças para elaboração dos registros são:
• Como reage à presença de outras crianças e que reações provoca nas outras crianças? Pensar quais são as possíveis respostas da professora para aquela reação das crianças.
• Que atitudes adota quando brinca sozinha ou com os companheiros? Analisar como se dão as relações durante a brincadeira.
• Como responde às perguntas feitas pelo professor? Perceber se elas são resistentes, se respondem como o professor esperava.
• Por que tais temas e/ou objetos mais se interessam?
• Que tipo de relação estabelece com os elementos da natureza?
Foram discutidas também durante o encontro algumas questões que os professores devem fazer a si mesmos, para observação e questionamento se seu trabalho pedagógico, como:
• Realizo atividades com as crianças nas quais os saberes das famílias são considerados e valorizados?
• Disponibilizo materiais e oportunidades variadas que contemplem meninos e meninas, brancos, negros e indígenas e pessoas com histórico de deficiência?
• Ofereço objetos e brinquedos de diferentes materiais adequados e em quantidades suficientes às necessidades dos bebês e crianças pequenas?
• Utilizo situações cotidianas organizadas e inesperadas para que as crianças se ajudem mutuamente e compartilhem responsabilidades e conhecimentos em grupo?
• Combato e intervenho imediatamente quando ocorrem práticas que desrespeitam a integridade das crianças? Saber como lidar com conflitos entre criança/criança e criança/adulto; saber a hora certa de falar, para não tirar a autoridade do outro professor, quais as maneiras de mediar os conflitos, tudo isso é importante. De qualquer forma a atitude tomada tem que ser sempre no sentido formativo, o papel do professor é de educador. Um professor destaca que é importante, sim, dar limites às crianças, saber dizer não na hora certa, “não dizer não também é uma forma de violência.” Este ponto também foi bastante discutido, já que lidar com as formas de resistência e, muitas vezes também, de violência, dos pequenos, se apresenta como um grande problema para os professores.
Foi um encontro que contou com um número grande de professores e com uma participação efetiva deles, sendo um momento de muito aprendizado. Alguns pontos não puderam ser discutidos devido à falta de tempo.

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