Caros colegas, este Blog tem como objetivo servir de ferramenta para os participantes da Formação Continuada dos Professores de Educação Física atuantes na Educação Infantil da Rede Municipal de Florianópolis, promovendo através de seu acesso a socialização de materiais e comunicação efetiva entre todos os professores.

Sejam bem-vindos !

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Relatório do dia 04/11/2011 - Participação do Grupo Independente na disciplina Infância e Educação do Corpo (CED/UFSC)

No dia 04 de novembro de 2011, à 13:30 horas, teve início a apresentação das professoras Adriana, Andrea, Inelve, Michelle e Santa Helena, do Grupo Independente, em uma das turmas da disciplina Infância e Educação do Corpo, do curso de Pedagogia, ministrada pela Luciana Marcassa (CED/UFSC). Estavam presentes na apresentação além das professoras, treze (13) alunas, bem como duas bolsistas do Núcleo de Estudos e Pesquisas Educação e Sociedade Contemporânea (UFSC/CNPq).

Após uma breve apresentação das professoras presentes, Inelve começou a falar sobre o surgimento do Grupo de Estudos Independente da Educação Física na Educação Infantil (GEIEFEI), que ocorreu em agosto de 2004, a partir da necessidade de pensar a Educação Física na Educação Infantil, visto que só os encontros de Formação Continuada dos Professores da Rede Municipal de Educação de Florianópolis muitas vezes eram insuficientes para a reflexão sobre as angústias e dúvidas das práticas nas instituições. Inicialmente a ideia partiu de sete (7) professores, que juntos construíram e enviaram um projeto para a Secretaria Municipal de Educação, buscando a oficialização do processo.

Inelve falou que os encontros são organizados para suprir, de alguma forma, a lacuna deixada pela formação oferecida pela Rede, desta forma são realizados estudos de textos, discussões, apresentações de relatos de experiência de professoras. Os membros se auxiliam na construção de uma prática bem sustentada e realizada. Ressaltou que apesar de as aulas de Educação Física da Rede Municipal serem bem diferenciadas em relação ao convencional, as práticas das professoras do GI se permeiam e se constituem por meio de outras tantas das colegas do referido grupo.

A palavra foi passada para professora Adriana que fez uma retrospectiva dos documentos que orientaram a EF da EI na Rede Municipal de Ensino de Florianópolis, com auxílio de slides contendo as capas desses documentos e uma breve apresentação deles. Foi falado também sobre a produção de textos do GI publicados na revista Motrivivência ¹ e a criação de um documento mais específico para orientar a prática da EF na EI que são as Diretrizes (esta ainda se encontra em fase de construção).

Adriana comentou a necessidade de conhecer um pouco mais esse “ser criança”, havendo a necessidade de diálogo da EF com a Pedagogia, Sociologia, Filosofia, Antropologia. A partir disso trouxe para a apresentação alguns eixos metodológicos que estão presentes em suas práticas. Uma das características da EF é proporcionar às crianças experiências relacionadas à cultura de movimento, podendo perceber expressões desta cultura em práticas como os jogos, esportes, danças, lutas e as dramatizações. Sendo assim, as experiências vivenciadas nos encontros de EF tem por objetivo construir possibilidades de movimentos com o corpo a partir daquilo que seja mais significativo para as crianças. É importante lembrar que ao lidar com estes temas da cultura de movimento na infância temos clareza da necessidade de tematizá-los sempre com o foco nas crianças, com suas características próprias e sua forma de ver e compreender o mundo que as rodeia, entendendo-as como sendo capazes de expressar-se e de participar da construção de propostas de atividades.

Outro assunto que foi levantado como algo que ainda incomoda as professoras foi acerca da organização do tempo e espaço da Educação Física nas instituições de Educação Infantil. Foi apresentada uma reflexão de Deborah Thomé Sayão (1997) - citada como de grande importância para os trabalhos desenvolvidos, “É preciso que a Educação Física deixe de ser um veículo de reprodução do modelo 'esportivizante' baseado no Decreto 69.450/71 intervindo três vezes por semana, em horários determinados, como a “hora de...” do corpo, do pátio, da prática.” (p. 267). Sayão coloca que esta forma de organização do tempo incorpora na Educação Infantil o modelo que orienta a organização da Educação Física na escola, o que para ela revela a desconsideração com as características educativas dessa faixa etária.

As professoras do GI comentaram que já conseguem ter uma maior flexibilidade de horário para suas aulas, podendo ficar com uma ou duas turmas durante um período, por exemplo, utilizando o tempo conforme as atividades propostas, assim amenizando essa desconsideração da característica fundamental de ser da criança.

Logo após essa conversa começaram os relatos de experiência. Todos foram breves, visto que o tempo era bem reduzido. As apresentações continham o nome da professora, da creche ou NEI, a pontuação dos projetos realizados na mesma e slides com fotos variadas. Inelve acrescentou seu relato trazendo cartazes feitos pelas crianças e cartolinas com fotos ampliadas do projeto Boi-de-mamão, que foram colados na parede da sala.

Michelle começou falando dos três (3) projetos que trabalha na creche nas aulas de Educação Física. O primeiro foi o Projeto Coletivo, que promove a interação entre crianças, pais, professores, articulando toda a instituição. O segundo foi Os Passeios. explicou que a creche em que atual fica em uma região pobre. e com esses passeios é possível oportunizar a essas crianças conhecerem novos lugares como teatro, campo de futebol, praia... Michelle focou mais, na apresentação, a presença da Ginástica nas suas aulas, ela como ex-ginasta e com grande experiência traz para suas crianças essa experimentação sempre lançando desafios. Pontuou que tem grande apoio da sua instituição nos projetos que realiza, as professoras de sala participam da sua aula e sempre estão conversando sobre as atividades nas reuniões pedagógicas.

Em seguida Adriana falou sobre suas práticas na sua instituição, como a Dança, com cirandas e do boi-de-mamão e o projeto do dia das bicicletas (bicicletaço). Ressaltou que sua instituição é nova e provida de um grande espaço livre, sendo favorável para a realização das atividades. Explicou que o projeto é organizado mensalmente com as professoras de sala e lembrado uma semana antes. Todas as professoras participam das aulas de Educação Física e se for necessário fazem algumas adaptações para que estejam presentes. Alguns cuidados, como mandar bilhete para as famílias avisando o dia de trazer a "motocicleta", a presença de um acervo de bicicletas e motocas na instituição, a mediação da professora incentivando as trocas de brinquedo, o espaço pensando com alguns desafios, tudo isso é realizado por Adriana para qualificar essa experiência de movimento, tornando-o mais satisfatório possível para as crianças.

Andrea começou oferecendo um panorama de como é a região em que a creche se encontra, um local carente, sem nenhum espaço para lazer, ruas precárias e com grande diversidade de cultura, pois muitas pessoas emigram para lá viver. Com isso, a creche se torna o lugar mais atraente e favorável para se fazer as interações das crianças, dos pais, da comunidade com a instituição e projetos, não somente durante a semana mas também aos sábados e domingos.

Há bastante esse movimento escola e pais, sociedade, em que a participação dos mais velhos se torna importante para a formação das crianças e também para mudar o pensamento de que aula de Educação Física está ali como um passatempo mas, que, na verdade, trata-se de uma área do conhecimento, com objetivos e aprendizados. O foco nas aulas de Andrea é a Dança, trabalha o movimento/expressão corporal por meio do ritmo. Nesse momento Andrea mostrou fotos de algumas atividades e cantou músicas que estão presentes nas aulas.

Inelve foi a próxima a falar, referiu-se à prática do Boi-de-Mamão, contou como surgiu, como se apaixonou por elas. Começou primeiro a ser brincado pelos maiores, pois o Boi era grande. Nesse movimento de observação, Inelve notou que os pequenos ficavam fadados a só olhar os outros brincando, foi quando ela fabricou os personagens com tamanhos condizentes ao das crianças menores. Assim, hoje na creche, todos brincam com o Boi-de-Mamão.

Falou sobre o planejamento quanto ao horário de se dançar o Boi, delimitado por ela antes de cada semana, porém, mantenod-o flexível. Sua duração depende de como a atividade está decorrendo e da participação das crianças. O CD das músicas do Boi-de-Mamão é posto e as crianças dançam livremente, não tendo um conjunto de movimentos pré-estabelecidos, o foco não está no sucesso de uma coreografia bem executada, mas na participação, que os pequenos possam brincar, ressignificar, cantar, dançar, aprender, ampliar suas experiências.

Quando a apresentação envolve toda a creche – pois há os momentos que se brinca só com a turma – é preciso uma grande organização e envolvimento da unidade. Exige muito tempo para a organização do espaço e personagens para que a dança aconteça, intervenção das professoras nas turmas que irão assistir, participação das crianças e professoras na confecção dos avisos (Inelve trouxe cartazes para visualização) e na divulgação do folguedo (brincadeira que apresenta uma dramatização) do Boi-de-Mamão e de tantos outros momentos. Outro item comentado é a organização e anotação de quem interpretará os personagens mais disputados, havendo uma mediação da professora para que um ceda e tenha o direito de escolher qualquer personagem na próxima vez.

Por fim, Santa Helena destacou sua prática Circo, na qual trabalha expressão corporal com todos os grupos da creche, desafios, apresentação de mágico - algumas crianças aprendem mágicas. Há um momento que a creche inteira participa dessas brincadeiras envolvendo também todo o corpo docente, havendo também a parceria com a família. Uma vez por ano estas assistem aos espetáculos.

Foi reforçado por todas as professoras a necessidade de comunicação e interação dos professores de sala com os de Educação Física, a parceria e envolvimento de toda a instituição nos projetos. A presença da família e o benefício disso também foram bastante ressaltados Como as professoras organizam suas atividades e projetos, apesar de ter tido pouco de tempo de fala, ficou claro para as alunas da Pedagogia que antes tinham dificuldade de ver essa interação da EFcom as outras atividades da instituição.

Foi necessário também esclarecer às alunas que a EF é uma disciplina e principalmente um conhecimento tão importante quanto qualquer outro, desta forma não deve ser somente ela a complementar os projetos da professora de sala, mas também a professora de sala auxiliar, em parceria, o trabalho realizado pela EF.

A professora Luciana e as alunas ficaram gratificadas pela disponibilidade e apresentação das professoras do GI e com a fala de uma das aulas foi possível ver importância daquele momento, “Vocês trouxeram muitas possibilidades para nós que só estudamos a teoria; mas que a prática está bem próxima.”

Nota

1 Oportuno citar o link da Revista Motrivivência na qual os professores do Grupo Independente foram responsáveis pela produção dos texto da edição Ano XIX, Nº 29 - Especial - Dezembro/2007, titulada Educação Física na Educação Infantil da Rede Municipal de Florianópolis: problematizando limites e possibilidades.


Um comentário:

Luciana Marcassa disse...

Lembro-me perfeitamente desta aula! O grupo deu uma contribuição enorme ao nosso curso na Pedagogia/UFSC. Só tenho a agradecer a vocês por esses anos de dedicação aos estudos e práticas pedagógicas de educação física na educação infantil. Espero que o grupo ainda esteja ativo, reunindo-se, debatendo e publicando as reflexões e posições coletivas que extraem deste rico espaço de formação. Um grande abraço, Profa. Luciana Marcassa - CED/UFSC