Caros colegas, este Blog tem como objetivo servir de ferramenta para os participantes da Formação Continuada dos Professores de Educação Física atuantes na Educação Infantil da Rede Municipal de Florianópolis, promovendo através de seu acesso a socialização de materiais e comunicação efetiva entre todos os professores.

Sejam bem-vindos !

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Relatório do dia 08/11/2011 - Formação da Rede Municipal de Educação de Florianópolis

No dia 08 de novembro de 2011, às 08h e 30min, teve início o Encontro de Formação Continuada da Rede Municipal de Ensino de Florianópolis. Contou com a presença de 17 professores, bem como de duas bolsistas do Núcleo de Estudos e Pesquisas Educação e Sociedade Contemporânea (UFSC/CNPq).
O encontro foi coordenado por Alexandre Fernandez Vaz e teve como tema: Educação Física nos núcleos articuladores das Diretrizes Educacionais Pedagógicas para a Educação Infantil (Florianópolis) II. Alexandre iniciou lembrando que aquele seria o último do ano e retomando o que havia sido discutido no Encontro de Formação que apresentou o início da discussão sobre o tema. Ele falou sobre como as Diretrizes são documentos que generalizam a Educação Infantil (EI), por vezes não trazendo as especificidades da Educação Física (EF) dentro deste processo. Ressaltou também que a preocupação das instituições de Educação Infantil é, na maioria das vezes, de proporcionar uma educação integral e integrada, porém é importante pensar qual a função de cada um nessa educação.
Alexandre retomou também um assunto que permanece relativamente em aberto no campo das discussões sobre EI, que seria a especificidade da EF, visto que em alguns momentos os professores desta disciplina acabam por reproduzir o que é trabalhado dentro de sala. Sob este ponto de vista, para que um profissional especializado na área? O inverso também pode acontecer, com a professora regente fazendo atividades que são trabalhadas nos momentos de EF. É importante pensar como essas discussões que estavam inicialmente envoltas pelo universo da EF agora são disseminadas e pensadas por outras áreas do conhecimento e de que forma este novo olhar auxilia a dar pistas para a questão. É importante que as outras áreas do conhecimento vejam, sim, a EF como um conhecimento que não pode ser privado das crianças, talvez assim acabassem as proibições de participar do momento da EF em decorrência de um mau comportamento em sala ou como uma forma de punição relativa a outras situações..
Outro assunto bastante discutido foi com relação à EF de 0 a 3 anos, foi falado sobre como é difícil uma comunicação com a crianças tão pequenas, sobretudo por meio da fala, visto que poucas delas já a dominam. Sobre este assunto é importante destacar que apesar de não falarem, as crianças possuem linguagem e estão constantemente se comunicando por meio dela, porém não podemos projetar nas crianças o que gostaríamos que elas expressassem e interpretar seus sinais por meio desta projeção.
Após esta conversa inicial foram retomados os fundamentos norteadores das Diretrizes Nacionais que seriam, entre outros, a Formação para Autonomia e Formação Ética., Alexandre nos chama atenção ao afirmar que estes elementos presentes nas Diretrizes são da vida pública, essencialmente da vida dos adultos, conceitos que não se aplicam às crianças e não devem ser delas exigidos, já que não têm ainda bem desenvolvida a capacidade de ser justa ou democrática, por exemplo.
O encontro foi voltado então para os Núcleos de Ação Pedagógica, que tem como princípio a Pedagogia da Infância e não da criança. Foi falado também que os Núcleos são importantes, pois procuram materializar na prática os princípios presentes nas Diretrizes.
Alexandre comentou também sobre um erro que vem se repetindo constantemente na educação, também na de zero a cinco anos, que é o referente à generalização do sujeito e à particularização dos conteúdos, quando as crianças são tratadas como iguais em todos os sentidos (um padrão) e quem não aprende é porque não teria condições para tal. É importante ter claro que cada sujeito é único, tem suas especificidades e elas têm que ser consideradas sempre em um planejamento de aula. Destacou também o quão importante é não se ter uma visão de educação etapista, porém, sim, considerar as possibilidades disponíveis para cada idade.
Foram abordadas esquematicamente dois modelos, o escolarizante, encontrado na psicomotricidade, o qual visa correção, ajustamento, para o tempo futuro; e o modelo não escolarizante, visto na Pedagogia da Infância e EI que leva em consideração as necessidades e interesses, possibilidades, participação, tempo presente.
Quando se fala sobre a educação do corpo na infância logo nos remetemos ao momento da EF na EI, mas ela não se dá apenas neste momento, mas sim em toda a rotina da instituição, desde a alimentação, higiene, hora do sono, parque, atividade orientada, e também na EF.
Entrando no conteúdo dos Fundamentos Norteadores – Diretrizes Nacionais, Gisele lembrou que quando é mencionado no documento sobre princípios éticos da autonomia, responsabilidade, princípios políticos dos direitos e deveres da cidadania, do exercício da criatividade e respeito à ordem democrática, entre outros, o destinatário é o adulto/profissional, não a criança.
Os Núcleos de Ação Pedagógica estão categorizados em linguagens: gestual-corporal, oral, sonoro-musical, plástica e escrita; relações sociais e culturais: contexto espacial e temporal, identidade e origens culturais e sociais; natureza: manifestações, dimensões, elementos, fenômenos físicos e naturais – lembrando que o corpo, o próprio organismo faz parte da natureza. Eles se apresentam separados para melhor compreensão, mas devem ser entendidos como constantes e concomitantes.
Após essa conversa, Alexandre pediu para que os professores presentes se reunissem em grupos e conversassem respondendo às perguntas: em que situações de nossa prática encontramos eco nos núcleos de ação pedagógica? E em quais não encontramos? Como e em que os ajudam? Os professores responderam que ajuda a orientar e organizar as experiências e a criarem novas propostas de práticas. Alguns responderam relacionando com as suas práticas na instituição, sendo que o que mais repercutiu foi a linguagem plástica.
Quando se fala em linguagem plástica podemos relacioná-la com a criação de um boi-de-mamão, brinquedos de sucata, desenhos, pinturas, modelagem, entre outros, é a arte de alterar as formas, criar. Uma forma de comunicação mediada pelos sentidos que algumas vezes não alcança a dimensão cognitiva. Alexandre complementa que brincadeira infantil é uma espécie de obra de arte, pois estimula os sentidos, o criar, tem uma estética.
Uma professora diz não encontrar muito eco na linguagem escrita e comenta e pede para que sua colega conte a experiência que vem tendo na sua instituição com esse tipo de linguagem. Santa Helena relatou que depois de seu momento com as crianças, ela escolhe algumas delas para desenharem em uma cartolina o que fizeram naquela aula. Elas escrevem seus nomes, o que fizeram, depois este material é exposto no mural da sala. Uma experiência bem interessante.
Outra professora ainda comentou que para que os núcleos tenham validade, deve haver intencionalidade nas práticas dos professores. Algo bem importante para que a EF seja reconhecida como área do conhecimento.
Por fim houve o encerramento da Formação Continuada dos Professores da Rede Municipal de Educação de Florianópolis deste ano, e um agradecimento especial ao professor Alexandre que sempre esteve presente orientando aqueles encontros. Também a Secretaria Municipal recebeu um agradecimento, tanto pro sua relação com os professores, quanto pelas profissionais que deram suporte à formação. Foi lembrado que dia 29/11 haverá uma conversa com o professor Valter Bracht, todos estão convidados!

Nenhum comentário: